A Multi, conhecida anteriormente como Multilaser, está passando por uma transformação significativa após anos de diversificação. Reconhecida como a "empresa que faz de tudo", a companhia decide agora cortar produtos e se reorientar, adotando a filosofia de que "menos é mais". Essa mudança vem após a empresa ter alcançado um portfólio de impressionantes 6 mil itens.

De acordo com Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multi, a empresa já iniciou um processo de eliminação de categorias de menor rentabilidade, como brinquedos para pets e acessórios esportivos, e planeja reduzir seu portfólio de 5 mil para cerca de 3,5 mil produtos até o final deste ano. Alexandre enfatizou: "A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. A diversificação é benéfica, mas exageramos".

A nova estratégia da Multi se concentrará em produtos de alta demanda, como computadores, televisores e roteadores. A empresa também revelou um plano ambicioso: a produção de motos elétricas em parceria com um fabricante asiático que está entrando no Brasil. Embora o nome do parceiro não tenha sido divulgado, a expectativa é otimizar custos operacionais na fábrica de Manaus, adquirida após a compra da startup Watts em 2022.

A Multi mantém parcerias com marcas conhecidas, como a italiana Chicco, focada em artigos para bebês, e as americanas Precor e Freemotion, voltadas para o mercado B2B de fitness. Além disso, colabora com a Oppo, marca chinesa de celulares, para a produção e distribuição de seus produtos.

Com a reestruturação, a empresa também se propõe a otimizar sua cadeia de suprimentos e distribuição, visando um cenário de consumo mais estável. Alexandre comentou que em um passado recente, a empresa chegou a ter até 80 modelos de mouses, mas a nova estratégia é adotar uma abordagem mais disciplinada, focando em menos marcas, mas com maior relevância no mercado.

Em 2023, a Multi enfrentou um desafio sem precedentes, registrando um prejuízo de R$ 836,2 milhões, o primeiro da companhia em 15 anos. Dois fatores principais contribuíram para essa situação: a migração para um novo sistema de gestão e a necessidade de liquidar estoques de produtos que não conseguiram se popularizar após o auge da pandemia de Covid-19. Esse cenário trouxe à tona um erro estratégico que resultou em prejuízos consideráveis. Alexandre menciona a experiência difícil de manter estoques altos com custos elevados e a necessidade de uma gestão mais cuidadosa.

Embora a Multi ainda enfrente dificuldades, os sinais de recuperação estão começando a surgir. No segundo trimestre de 2023, a companhia reportou um prejuízo líquido de R$ 52,2 milhões, uma melhora em relação aos R$ 69 milhões do ano anterior. O EBITDA também apresentou um avanço considerável, alcançando R$ 29,8 milhões, superando os números negativos do ano anterior.

Analistas da XP destacaram a melhora na rentabilidade da Multi, embora mantenham uma posição neutra sobre a ação, estipulando um preço alvo de R$ 2,10, ressaltando questões como a queda de 22% na margem bruta. Com todos esses movimentos, fica a expectativa: conseguirá a Multi recuperar seu prestígio e se firmar novamente como uma das líderes no setor de tecnologia? Acompanhe as novidades e fique atento para não perder os próximos capítulos dessa reestruturação!