Ciência

Múmia de filhote de dente-de-sabre de 37 mil anos é descoberta na Sibéria

2024-11-21

Autor: Carolina

Em uma descoberta que parece ter saído de um filme de ficção científica, em 2020, caçadores de presas de mamute no leste da Sibéria encontraram um feixe de pele que saía da margem congelada do rio Badyarikha. A princípio, eles não sabiam a importância desse achado, mas, ao levarem o que acreditavam ser uma novidade da Era do Gelo para a Academia de Ciências da Rússia, em Moscou, foram recebidos com entusiasmo: tratava-se da múmia de um filhote de dente-de-sabre, um animal tão icônico que foi extinto há cerca de 28 mil anos.

A importância dessa descoberta foi publicada recentemente na revista Scientific Reports. Essa é a primeira vez que a humanidade tem a oportunidade de observar um dente-de-sabre congelado desde sua extinção, um verdadeiro achado para os paleontólogos e amantes da natureza.

Manuel J. Salesa, especialista em felinos, expressou sua emoção: "Muitos paleontólogos que trabalham com felídeos, incluindo eu mesmo, esperaram por décadas para ver um felídeo de presas congelado. Essa descoberta incrível é um dos momentos mais emocionantes da minha carreira."

A múmia do filhote, com 37 mil anos, pertence à espécie Homotherium latidens, conhecida também como dente-de-cimitarra. Esses felinos, que tinham aproximadamente o tamanho de um leão, eram muito diferentes dos gatos modernos. Eles ocupavam um ramo distinto na árvore da vida e são considerados a última linhagem dos felinos de presas de sabre.

Embora ossos de filhotes dessa espécie já tenham sido encontrados anteriormente, o espécime russo se destaca por ter preservado carne e pelos. Estimativas indicam que o filhote tinha apenas três semanas de idade na época de sua morte. Com características anatômicas impressionantes, como um pescoço robusto, este filhote apresentava surpresas em sua aparência, como tufos pálidos de pelos que lembram costeletas ou barbas, uma característica incomum em animais dessa época.

Com uma pelagem marrom escura e macia, o filhote também traz uma nova perspectiva sobre a coloração de filhotes de felinos. Embora muitos grandes felinos modernos tenham manchas na infância, a ausência dessas marcas no dente-de-sabre levanta questões sobre a preservação da pelagem e sua biologia.

Outro aspecto intrigante diz respeito aos famosos caninos longos desses felinos. Mesmo sendo muito jovens para ter esses dentes completamente formados, a análise sugere que o lábio superior do filhote era significativamente mais longo do que o de um leão moderno, o que pode indicar que os caninos dos Homotherium eram cobertos, de certa forma, por um lábio protetor.

Os pesquisadores não estão apenas entusiasmados com essa descoberta; já estão planejando futuras análises do DNA da múmia e estudos detalhados sobre os músculos e os pelos. Alexey Lopatin, autor do estudo, acredita que há mais múmias de Homotherium esperando para serem descobertas. Ele comentou: "Vamos torcer para que nossos colegas russos tenham sorte em encontrar os adultos. Isso seria absolutamente chocante."

O que mais essa surpreendente descoberta pode revelar sobre o passado distante da Terra? Fique ligado, pois o mundo da paleontologia promete novidades intrigantes.