Ciência

'Música' das estrelas pode desvendar segredos da formação da Via Láctea

2025-04-02

Autor: Gabriel

Uma descoberta fascinante sobre a evolução da nossa galáxia foi revelada em um estudo publicado na renomada revista científica "Nature" nesta quarta-feira (2). Pesquisadores descobriram que certas flutuações no brilho de estrelas, conhecidas como "terremotos estelares" ou starquakes, podem ser transformadas em frequências sonoras.

Vamos além da simples ideia de trilha sonora espacial: cada estrela emite seu próprio conjunto de frequências, semelhante ao que acontece com instrumentos musicais. "Embora não possamos ouvir esses sons diretamente, conseguimos medir suas frequências analisando as mudanças no brilho das estrelas", explica Claudia Reyes, pesquisadora da Universidade Nacional da Austrália e um dos principais autores do estudo.

Essas frequências fornecem informações cruciais sobre o tamanho, composição química e estrutura interna das estrelas. As oscilações que geram os terremotos estelares são específicas a certos tipos de estrelas, causando um padrão contínuo de aumento e diminuição de brilho. Analisando essas flutuações, os cientistas conseguem “ouvir” a música cósmica das estrelas, monitorando suas frequências únicas.

"Como as estrelas são enormes, suas frequências variam de maneira lenta. É como ouvir instrumentos de baixa frequência em uma orquestra", comenta Reyes. Quando se observa várias estrelas juntas, é como se cada uma contribuísse para uma sinfonia do universo.

À medida que as estrelas envelhecem, elas mudam sua massa e estrutura interna, emitindo novas frequências. Durante uma fase de suas vidas, podem apresentar um fenômeno conhecido como "platô", em que as frequências são temporariamente interrompidas – algo que os cientistas descrevem como um disco arranhado.

"Esse platô é causado por eventos em uma camada específica da estrela, o que nos permite prever quando e qual frequência será interrompida durante seu ciclo de vida", acrescenta Reyes. Essa análise resulta em estimativas precisas da idade das estrelas nessa fase.

A pesquisa centrou-se em um grupo de estrelas do aglomerado aberto M67, escolhido por apresentar características similares às estrelas próximas à Terra, como o nosso Sol. A capacidade de determinar a idade das estrelas, possibilitada por essa melodia cósmica, é fundamental para compreender a evolução da Via Láctea.

"As estrelas atuam como registros fósseis, preservando informações sobre eventos passados de formação estelar. Com uma medição mais precisa de suas idades, os cientistas podem reconstruir a história da formação da Via Láctea: como ela cresceu e evoluiu até adquirir sua forma atual", conclui Reyes.

Essa pesquisa abre novas portas para a compreensão do cosmos e, quem sabe, até mesmo sobre outras galáxias. Afinal, estamos apenas começando a aprender os segredos que o universo tem a oferecer. Fique atento: as maravilhas do espaço ainda têm muito a nos ensinar!