'NÃO QUERO SER GUERREIRA': JORNALISTA DA CNN DESCOBRE CÂNCER DE MAMA AOS 36 ANOS
2024-12-30
Autor: Mariana
Em um relato emocionado, Larissa Rodrigues, jornalista da CNN, compartilhou sua luta após ser diagnosticada com câncer de mama triplo-negativo aos 36 anos. Sua jornada começou no dia 5 de agosto, quando sentiu um caroço no seio direito. Apesar de um histórico familiar de nódulos benignos sem evolução, a ansiedade a levou a buscar um mastologista.
O resultado dos exames veio rapidamente, e em apenas 14 dias, o diagnóstico foi devastador. "O médico me disse que havia algo e, a partir de então, sabia que tinha câncer, mas não imaginava que era o tipo mais agressivo possível."
O câncer de mama triplo-negativo é conhecido por sua agressividade, representando entre 10% a 15% dos casos da doença. Ele não possui receptores hormonais, o que significa que se alimenta exclusivamente de suas próprias células. Segundo a mastologista Fernanda Leite, especialista do A.C. Camargo Cancer Center, esse tipo de câncer é mais propenso a se espalhar, o que complica os tratamentos. "Muitas vezes, quando as mulheres notam nódulos, a doença já está em um estágio mais avançado", observa a profissional.
No entanto, Larissa não se deixou abater totalmente. Embora tenha enfrentado o diagnóstico com um baque emocional, ela viu uma luz no fim do túnel ao perceber que o tratamento rápido poderia trazer chances de cura. "É um processo doloroso, sem dúvida, mas é melhor do que descobrir que é tarde demais", afirmou.
Inicialmente diagnosticada em estágio 2, a jornalista iniciou um rigoroso tratamento em 10 de setembro, que inclui quimioterapia, cirurgia e radioterapia. Pelo fato da quimioterapia ser agressiva, Larissa teve que judicializar o início do tratamento, enfrentando um plano de saúde que relutava em cobrir os custos. "Estou me expondo e lutando porque não posso imaginar as mulheres que não têm essas mesmas condições. Para mim, já é extremamente difícil, mesmo com todo o suporte financeiro", lamentou.
O processo não foi fácil. Passado pouco tempo, Larissa enfrentou efeitos colaterais severos, como náuseas e perda de cabelo, o que afetou sua autoestima. "Sempre disse que não sairia de casa careca, mas percebi que teve que haver uma aceitação", desabafou.
Ela relatou que a luta diária contra o cansaço e os efeitos do tratamento, que a debilitam especialmente aos finais de semana, faz parte de sua rotina atual. Mesmo assim, Larissa conseguiu voltar ao trabalho, embora preferisse se esconder por conta de sua aparência alterada. Contudo, a acolhida dos colegas gradualmente ajudou-a a se sentir à vontade para compartilhar sua história.
Depois de um mês, Larissa decidiu aparecer na tela novamente, desejando transmitir uma mensagem sobre a realidade de quem enfrenta o câncer. Ela enfatiza que não deseja ser vista como uma guerreira, mas sim como uma mulher que está lidando com uma doença muito difícil. "A pressão para ser forte é pesada. O tratamento é complicado, e eu quero que as pessoas entendam isso."
Larissa também se preocupa com a narrativa que muitas vezes glorifica a luta contra o câncer sem mostrar sua realidade dolorosa. "É um momento pelo qual não deveria passar, mas sinto que tenho o privilégio de ter acesso ao melhor tratamento. Quero usar minha voz para dar visibilidade a outras mulheres que estão nas sombras, sem suporte."
Ao compartilhar sua história, Larissa Rodrigues não apenas inaugura uma nova forma de ver a batalha contra o câncer de mama, mas também se torna uma defensora de uma causa que precisa de mais atenção e compreensão. Com coragem e vulnerabilidade, ela inspira outras mulheres a falarem sobre suas experiências e a luta contra o câncer.