Netanyahu promete longa ocupação na Síria em meio ao caos pós-Assad
2024-12-12
Autor: João
O cenário político na Síria se transforma rapidamente após a queda do regime de Bashar al-Assad, e Israel não está de fora desse tumulto. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou que as Forças Armadas do país não têm intenção de se retirar das áreas que ocupam na Síria até que uma nova força esteja pronta para atender às exigências de segurança de Tel Aviv.
Essa "nova força" mencionada por Netanyahu não foi claramente definida, criando incertezas sobre se se refere a grupos rebeldes ou a outra organização. Especialistas apontam que essa ambiguidade pode sugerir um plano para uma ocupação prolongada, similar à que Israel mantém na Faixa de Gaza. A incerteza sobre os objetivos militares claros do governo Netanyahu gera preocupações entre críticos, que vêem isso como uma possível estratégia expansionista de Israel na região. De fato, membros do governo já mencionaram abertamente a intenção de conquistar Gaza, e a ocupação das Colinas de Golã desde 1967 serve como um exemplo claro de suas ambições territoriais.
A comunidade internacional, com exceção dos Estados Unidos, reconhece as Colinas de Golã como território sírio. Desde 1981, Israel aplica sua lei civil nessa região, o que, na prática, é uma forma de anexação, permitindo que cerca de 25 mil colonos residam em assentamentos judaicos ali.
Recentemente, as Forças Armadas israelenses lançaram uma invasão em áreas da Síria, com o objetivo declarado de destruir arsenais que pudessem ser usados por grupos extremistas contra Israel. Essa ação militar é parte de um esforço mais amplo para controlar a segurança na fronteira, onde o vácuo deixado pela derrocada de Assad tem gerado temores quanto a possíveis incursões de jihadistas.
Entretanto, a presença prolongada de tropas israelenses em solo sírio levanta questões sobre a real intenção de Israel na região. Embora Netanyahu tenha afirmado que essa presença seria temporária, não foram apresentadas condições ou prazos para uma eventual retirada. Essa incerteza se intensifica com as declarações do chanceler israelense, Gideon Saar, que categoricamente afirma que o principal grupo rebelde a frente do poder na Síria, a HTS (Organização para a Libertação do Levante), é motivado por uma ideologia extremista.
A situação também tem atraído a atenção da administração Biden, que, por sua vez, apóia as ações de Israel como legítimas e defensivas. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, reforçou que a presença militar de Israel na Síria deve ser vista como uma medida de proteção contra riscos à segurança do país.
Enquanto isso, a vida nas regiões afetadas pelo conflito continua a ser marcada por altos índices de violência. Desde o início das hostilidades em 7 de outubro de 2023, estima-se que quase 45 mil pessoas tenham perdido a vida, em um contexto onde o impasse parece sem fim. A comunidade internacional observa ansiosamente, questionando até onde essa escalada poderá levar, e se realmente haverá uma solução pacífica no horizonte.