Jeff Bezos e sua empresa Blue Origin estão prontos para entrar na corrida espacial com o New Glenn, um foguete que promete abalar o mercado. Laura Forczyk, especialista em indústria espacial, acredita que o voo inaugural do New Glenn será "um grande avanço" para a Blue Origin. O foguete não apenas almeja competir no setor de lançamentos de satélites, mas também pode ser utilizado para transportar astronautas, marca um passo importante na estratégia da Blue Origin.

A Rivalidade Quente entre SpaceX e Blue Origin

A Blue Origin tem um alvo claro: desbancar a SpaceX, que atualmente domina o setor de lançamentos espaciais, e competir com outras gigantes como a americana ULA e a europeia Arianespace. Scott Hubbard, ex-executivo da NASA e professor em Stanford, ressalta a importância dessa nova competição. "Nos últimos anos, a SpaceX foi praticamente o único player nas tarefas de lançamentos comerciais e militares", afirmou.

Hubbard vê a concorrência como positiva, sublinhando que mais competição não só aumenta a segurança, mas pode também resultar em uma redução nos custos de lançamento. O New Glenn, assim como os foguetes da SpaceX, será parcialmente reutilizável e terá capacidade para levar até 45 toneladas em órbita baixa, superando a capacidade do Falcon 9 (22,8 toneladas), embora ainda fique atrás do Falcon Heavy (63,8 toneladas).

Abordagem Cautelosa da Blue Origin

Embora tanto a Blue Origin quanto a SpaceX tenham sido fundadas no início dos anos 2000, a Blue Origin seguiu uma linha de desenvolvimento mais conservadora. A manobra de pouso controlado em uma balsa no mar que será tentada no voo inaugural será uma missão desafiadora, seguindo os passos da SpaceX. David Limp, CEO da Blue Origin, expressou confiança, apesar das dificuldades, ao afirmar que a empresa está "confiante e humilde sobre nossas chances de sucesso".

Missões Futuras e Novas Tecnologias

Junto com o foguete, a missão inaugural também enviará um protótipo do rebocador espacial Blue Ring, que tem como objetivo reposicionar satélites em suas órbitas finais. A missão deverá durar cerca de seis horas, permitindo que a empresa teste as capacidades do dispositivo. Se o lançamento for exitoso, novos voos do New Glenn estão planejados para 2025.

A Blue Origin já firmou contratos com diversos clientes, incluindo a NASA – com uma ambiciosa missão a Marte programada para maio de 2025, além de uma missão tripulada à Lua marcada para 2030 com o programa Artemis 5.

A empresa também tem acordos com o governo dos EUA para missões de segurança nacional e com clientes comerciais, como a canadense Telesat, para o lançamento de satélites de internet.

A Guerra das Constelações

Assim como a SpaceX faz com seu projeto Starlink, a Blue Origin ficará responsável por lançar uma parte significativa dos satélites do grupo Amazon, em uma área onde Bezos e Musk também estão competindo para desenvolver suas respectivas constelações de satélites.

Além da concorrência no espaço, a relação de Elon Musk com o futuro presidente Donald Trump levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse que poderiam afetar as operações de Bezos. Como estratégia, o fundador da Amazon foi recentemente à Flórida para se encontrar com Trump, e sua empresa anunciou uma doação de um milhão de dólares ao comitê de posse presidencial. Essa movimentação pode ser um indicativo do quanto a competição entre essas duas potências está se intensificando e o impacto que isso poderá ter no futuro da exploração espacial.