
Nova Tarifa de Trump Pode Desestabilizar Comércio com o Brasil, Avisa Itamaraty
2025-04-02
Autor: Lucas
O Brasil está alarmado com o recente anúncio de tarifas adicionais feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) afirmou que a nova medida viola os compromissos dos EUA com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e pode causar danos substanciais ao comércio bilateral.
Essas tarifas somadas às já existentes, como as que incidem sobre produtos de aço, alumínio e automóveis, terão um efeito direto nas exportações brasileiras para os EUA, o que pode afetar vários setores da economia.
"As novas tarifas, junto às tarifas já aplicadas, comprometem os princípios do comércio internacional e afetam diretamente as exportações de bens brasileiros para os Estados Unidos", garantiu o Itamaraty.
O governo brasileiro também criticou a justificativa de 'reciprocidade comercial' apresentada por Trump, lembrando que os EUA desfrutam de um superávit comercial considerável com o Brasil. Em números, arranhos os EUA tinham um superávit de $28,6 bilhões em bens e serviços com o Brasil no ano passado, tornando-se o terceiro maior superávit comercial mundial.
"Nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam um superávit impressionante de $410 bilhões em sua relação comercial com o Brasil", afirma o comunicado. O governo brasileiro expressa preocupação com essas novas tarifas e já está em processo de consulta ao setor privado para avaliar o impacto e defender os interesses dos produtores locais.
Além disso, o Brasil reafirma a disposição de manter canais diplomáticos abertos, mas não descarta a possibilidade de adotar medidas legais e comerciais, incluindo ações na OMC. "Estamos considerando todas as possibilidades para garantir a reciprocidade no comércio bilateral", adicionou o Itamaraty.
Uma futura ação legal pode ser facilitada pela recente aprovação de um projeto de Lei da Reciprocidade Econômica no Congresso, que permitirá que o Brasil tome medidas retaliatórias se necessário.
Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, embarcou para os EUA para discutir alternativas e já teve conversas com autoridades americanas. Ao mesmo tempo, o chanceler Mauro Vieira e o vice-presidente Geraldo Alckmin também se reuniram com representantes comerciais dos Estados Unidos, mostrando a seriedade com que o Brasil está lidando com a questão.
Diplomatas entrevistados pela GloboNews afirmam que a legislação em andamento sobre reciprocidade pode ser crucial para que o Brasil tenha uma base legal para retaliar, caso necessário. Todavia, eles também comentam que ainda há espaço para a negociação com os representantes da Casa Branca.
Recentemente, o presidente Lula havia expressado que o Brasil poderia retaliar ou recorrer à OMC. No entanto, após visitas ao Japão e Vietnã, ele pareceu suavizar seu tom, afirmando que o governo está disposto a negociar e usar todos os recursos disponíveis para se chegar a um consenso sobre as tarifas. Essa mudança de abordagem pode sinalizar um desejo de evitar uma escalada de tensões comerciais entre os dois países.