Ciência

Novo crustáceo batizado de "escuridão" é descoberto a impressionantes 8 mil metros no Pacífico

2024-12-12

Autor: Fernanda

Cientistas da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), em colaboração com o Instituto Milênio de Oceanografia (IMO) da Universidade de Concepção, no Chile, fizeram uma descoberta surpreendente durante a Expedição o Sistema Integrado de Observação do Oceano Profundo (IDOOS) de 2023. Uma nova espécie de crustáceo, denominada Dulcibella camanchaca, foi encontrada em uma profundidade de 8 mil metros na Fossa do Atacama, uma região rica em biodiversidade e nutrientes no fundo do Oceano Pacífico.

Esta nova espécie é única, sendo o primeiro predador anfípode ativo de tal profundidade. O nome "camanchaca" teve origem nas culturas andinas, referindo-se a uma neblina costeira densa que se forma nas áreas litorâneas do Pacífico, trazendo à mente as propriedades escuras e misteriosas do oceano profundo. Johanna Weston, ecologista hadal do WHOI, afirmou: "Dulcibella camanchaca é um predador de natação rápida, e seu nome significa, em línguas andinas, o oceano profundo e escuro de onde ele preda".

Com quase 4 centímetros de comprimento, esses crustáceos possuem apêndices raptoriais que utilizam para capturar suas presas, principalmente os menores anfípodes que habitam a Fossa. A região de observaçao, com mais de 8.000 metros de profundidade, é conhecida por abrigar muitas espécies ainda não catalogadas, tornando-se um ponto crítico para estudos de biodiversidade.

"A descoberta não só confirmou Dulcibella camanchaca como uma nova espécie, mas também a identificou como um novo gênero, sublinhando a importância da Fossa do Atacama como um hotspot de biodiversidade", destacou Weston. Outras quatro amostras da nova espécie foram coletadas utilizando um veículo submersível em uma profundidade de 7.902 metros e foram congeladas para análises morfológicas e genéticas na universidade chilena.

A pesquisadora Carolina González, responsável pelas coletas biológicas, enfatizou a relevância do esforço colaborativo: "As descobertas em andamentos na Fossa do Atacama mostram a importância da exploração contínua do oceano profundo em nosso quintal, onde mais espécies inéditas podem ser descobertas à medida que avançamos nos estudos".

Além dos encantos de novas descobertas, os cientistas acreditam que a tecnologia utilizada possa revelar um novo conhecimento sobre a evolução de animais que colonizaram as profundezas do mar. "Com maior entendimento dos ecossistemas marinhos, poderemos proteger essa biodiversidade frente aos desafios da poluição e das mudanças climáticas", concluiu Gonzáles.

A exploração dos mares profundos não só suscita novas descobertas, mas também levanta questões sobre a preservação dos habitats que estão cada vez mais ameaçados. O que mais pode estar escondido nas profundezas do oceano, aguardando para ser desvendado?