O impacto das ações humanas sobre a natureza é um tema amplamente discutido entre cientistas, mas um novo estudo revela que essa influência pode ser muito mais grave do que se imaginava. Pesquisadores de 119 regiões ao redor do mundo descobriram que a perda de biodiversidade não abrange apenas as espécies que já habitavam essas áreas, mas também aquelas que poderiam potencialmente existir, um fenômeno que pode prejudicar a regeneração natural do meio ambiente.

A pesquisa, publicada na renomada revista Nature, introduziu um conceito inovador chamado de "diversidade faltante", termo que se refere às espécies nativas que poderiam colonizar uma área, mas que estão ausentes devido à ação humana. "Essa abordagem nos permitiu entender melhor o potencial de diversidade vegetal de cada local e medir diretamente o impacto humano sobre a vegetação natural", explicou Alessandra Fidelis, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista.

O estudo analisou o nível de impacto humano em cada região com base no Indicador da Pegada Ecológica, que considera fatores como densidade populacional, mudanças no uso da terra (como urbanização e agricultura) e infraestrutura existente (como estradas e ferrovias).

Os resultados mostraram que a diversidade de plantas é negativamente afetada pelo aumento da pegada ecológica. Quanto maior o índice de impacto, menor é a diversidade encontrada. Mais alarmante ainda, a influência negativa da atividade humana pode se estender por centenas de quilômetros, atingindo até mesmo áreas de reserva natural.

“Esse resultado é um sinal de alerta, pois as perturbações provocadas pelo homem têm um alcance muito além do que pensávamos, afetando áreas que tradicionalmente considerávamos protegidas. Questões como poluição, desmatamento, descarte de resíduos e até incêndios florestais estão dificultando a recolonização de plantas em seus habitats naturais. Por outro lado, notamos que a presença de uma área intocada, ao menos um terço da região, atua como uma barreira que atenua essa influência negativa. Isso reforça a importância de iniciativas globais, como a meta de proteger 30% do território terrestre até 2030”, ressaltou Meelis Pärtel, coordenador do estudo.

Com mais de 200 pesquisadores participantes, muitos deles membros da colaboração internacional DarkDivNet, a pesquisa também contou com a contribuição de cientistas brasileiros, como Mariana Dairel e Alessandra Fidelis. Este estudo não apenas lança luz sobre a gravidade do problema, mas também sublinha a necessidade urgente de políticas efetivas para a conservação da biodiversidade em escala global.

O impacto das ações humanas sobre o nosso planeta é uma questão que demanda atenção imediata. Sem mudanças significativas em nosso comportamento, podemos estar caminhando para uma extinção em massa de espécies, afetando não apenas o meio ambiente, mas a própria sobrevivência da humanidade. Não deixe de acompanhar de perto os desdobramentos dessa pesquisa fundamental para o futuro de nosso planeta.