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O Impacto da Alta do Dólar sobre o Ibovespa: O Que Você Precisa Saber

2024-11-27

Autor: Fernanda

Em 2024, o dólar já se valorizou em 19,81%, conforme dados da Economatica (até 25 de novembro). Por outro lado, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, apresenta uma queda de 3,84% no mesmo período. Será que existe uma relação inversa entre essas duas variáveis? A resposta é, em grande parte, sim!

Históricos apontam que, frequentemente, quando o dólar se valoriza, o Ibovespa registra queda. Os anos de 2002 e 2009 exemplificam bem essa dinâmica. Nos últimos 22 anos, o dólar subiu 52,27% enquanto o índice enfrentou uma queda de 17,01%. Em contrapartida, em 2009, quando o dólar caiu 25,49%, a Bolsa brasileira disparou: 82,66% em reais e impressionantes 140% em dólares, tornando-se a maior valorização do mundo naquele ano.

"Quando o dólar sobe, é possível que o Ibovespa em dólares caia, mesmo que o índice mantenha estabilidade ou até registre um pequeno aumento em reais. Por outro lado, uma queda do dólar tende a favorecer o índice em dólares, aumentando os lucros em reais", explica Lucas Saqueto, economista da GO Associados.

Por que essa relação existe? A maioria das empresas na Bolsa brasileira opera com receitas em reais, mas seus custos e tributos também estão em reais. Assim, o desempenho financeiro dessas companhias, a maioria na Bolsa, está intimamente ligado ao comportamento do real. Portanto, quando o dólar se valoriza, a desvalorização do real impacta negativamente os lucros e as expectativas de rentabilidade dessas empresas, afirma Leonel Mattos, analista da StoneX.

Adicionalmente, durante períodos de aversão ao risco, como o que estamos enfrentando atualmente com tensões geopolíticas, os investidores costumam se voltar para o dólar, evitando ações de mercados emergentes, como o brasileiro. Isso, por sua vez, leva a oscilações drásticas nos preços das ações, tornando esses mercados menos atrativos e seguros, segundo André Galhardo da Remessa Online.

"Enquanto um sobe, o outro desce, mas essa não é uma regra absoluta, mesmo que aconteça na maioria dos dias", diz Vitor Agnello, analista da CM Capital. Outros fatores, como o desempenho das empresas listadas, o fluxo de capital estrangeiro e o cenário econômico global, também têm grande influência sobre essa relação. O câmbio é, sem dúvida, um aspecto simbólico, mas não é o único a afetar resultados.

Quais setores são mais afetados?

As companhias do setor aéreo costumam ser as mais prejudicadas, pois possuem receitas em reais e a maior parte de suas despesas está em dólares, incluindo combustíveis e leasing de aeronaves. Um exemplo disso é a Gol (GOLL4), que, até o momento, acumula uma perda de 82,94% em 2024, conforme dados da Economatica.

Por outro lado, empresas que têm suas receitas predominantemente em dólares tendem a sentir menos impacto. A Suzano Papel e Celulose (SUZB3), por exemplo, registrou uma valorização de 7,68% até o final de novembro, gerando 79% de sua receita no exterior. No entanto, a dívida e os investimentos da empresa ainda podem estar atrelados ao dólar, o que diminui os benefícios de operar em moeda americana.

A Vale (VALE3), mesmo vendendo sua produção em dólar, enfrenta quedas devido à retração da economia chinesa, um mercado crucial para a empresa. Até agora, as ações da Vale caem 18,40% neste ano. Portanto, fica claro que, enquanto algumas empresas conseguem se beneficiar da alta do dólar, outras enfrentam desafios significativos devido a fatores externos e conjunturais.

Em resumo, a relação entre o dólar e o Ibovespa é complexa e multifacetada. Fique atento às tendências econômicas globais e locais para entender como elas podem impactar seus investimentos na Bolsa!