O Inconfesso Sonho Teocrático da América: O Que Você Precisa Saber
2025-01-04
Autor: Gabriel
Nos Estados Unidos, o novo ano representa também um marco para um plano conservador obscuro chamado "Projeto 2025", que ainda é pouco conhecido no Brasil. Este projeto, desenvolvido pela Heritage Foundation e por conselheiros próximos a Trump desde seu primeiro mandato, busca instaurar um regime autocrático através da desestabilização da Constituição e da abolição de direitos fundamentais, incluindo os direitos das mulheres em temas que vão do aborto ao voto. É uma tentativa explícita de reviver os comportamentos e estruturas de poder dos anos 50, quando uma patriarquia protestante dominava a sociedade americana.
O que é impressionante é que essa não é apenas uma peculiaridade da era Trump; esta visão remonta aos anos 80, quando a ideia de um Estado teocrático começou a ganhar força entre nacionalistas cristãos, milionários e grupos como a John Birch Society. O presidente Ronald Reagan desempenhou um papel crucial nesse processo ao incentivar a politização de grupos evangélicos de extrema direita, além da infiltração de ideais extremistas nas fileiras republicanas. Durante as administrações dos Bush, pai e filho, essa tendência se intensificou com a introdução do ensino religioso em escolas públicas, mesmo com cerca de 30% da população se declarando secular.
As preocupações sobre as tendências teocráticas dentro dessa agenda política estão bem documentadas na obra "Terror Sagrado", de Jim Siegelman e Flo Conway, que faz um alerta sobre os perigos do alinhamento entre política e religião. Hoje, seguimos presenciando a mesma dinâmica, onde Trump se alia aos nacionalistas cristãos e empresários que buscam uma "América novamente grande".
Uma trágica ironia é a presença de figuras como Elon Musk e outros empresários que flertam com o governo de Trump. A ideia de uma teocracia tecnológica, que contornaria as limitações constitucionais, atrai aqueles que sonham em transformar os EUA no principal competidor global, em um ambiente de mega desregulamentação. Isso gera um cenário sombrio onde os apoiadores da classe trabalhadora, que outrora se sentiam representados, agora têm pouco a festejar.
Importante ressaltar que o que esses influenciadores e Trump priorizam são imigrantes altamente qualificados que se encaixam nas indústrias competitivas. Essa divisão pode ter potencial para fraturar a base republicana, mas, no contexto do Projeto 2025, isso parece irrelevante, uma vez que é sustentado por uma ideologia onde "Deus" é equiparado a "ouro".
É essencial entender a natureza dessa religião que está emergindo; o cristianismo se tornou um mero "branding" de mercado, desconectado da espiritualidade e mais alinhado com uma ideia de prosperidade ilusória. A pregação atual, em vez de se basear em valores mais elevados, foca na liberdade empreendedora e nos conceitos rasteiros de conduta que banalizam a ética.
A confusão gerada por essa mistura de coaching e autoajuda, que pouco ajuda e só fragmenta a angústia, é ilustrada por relatos de imigrantes brasileiros que, mesmo em situações precárias e com risco de deportação, ainda assim apoiam Trump. Essa é uma variante da síndrome de Estocolmo, onde uma pessoa se identifica com seu opressor.
Essa influência já reverbera por todo o mundo, mas especialmente nos EUA, onde a situação se agrava em uma nova forma de capitalismo que ignora lições do passado, como a teologia da libertação. A pastoral que emerge desse contexto é uma forma de extorsão predatória, que favorece apenas uma elite em detrimento do bem-estar coletivo. A questão é: o que isso significará para o futuro da democracia americana e para a sociedade global? Prepare-se, pois as consequências podem ser profundas e alarmantes!