Ciência

O Sonho de uma Cientista se Torna Realidade: Expedição aos Ciclones da Antártida Após 15 Anos de Espera

2024-12-08

Autor: Maria

Camila Bertoletti Carpenedo, uma determinação inspiradora de 38 anos e pesquisadora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), finalmente vê seu sonho de explorar a Antártida se concretizar, após um atraso de quase 15 anos. Originalmente programada para 2010, sua expedição foi interrompida devido a um desastre humanitário que exigiu a realocação de recursos para a ajuda ao Haiti.

Camila, coordenadora do Nuvem (Núcleo de Estudos sobre Variabilidade e Mudanças Climáticas), sempre teve uma conexão especial com a Antártida, um território que considera um dos últimos grandes mistérios do planeta. Desde a infância, sua curiosidade a levou a percorrer estradas de terra batida no Rio Grande do Sul em busca de rios ocultos.

Agora, no coração da Antártida, ela compartilha suas experiências no Diálogo da Antártida. Camila destaca que, logo no início da expedição, a conexão com a internet foi difícil. No entanto, em um momento de alívio, o sinal foi restabelecido, transformando a sala de conferências em um ponto de encontro para os cientistas que desejavam compartilhar suas descobertas.

Entre suas lembranças, Camila relata com decepção a perda de sua primeira oportunidade em 2010. Apenas cinco dias antes do embarque, sua missão foi cancelada. Desde então, ela dedicou sua vida acadêmica a estudar a relação entre a Antártida e o clima da América do Sul.

Graduada em Geografia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ela se especializou em meteorologia na USP, pesquisando sobre fenómenos como ciclones extratropicais, que têm um impacto direto em nosso clima tropical. Adiciona que a Antártida, embora pareça distante, influencia diretamente as frentes frias que atingem o Brasil.

Sua atual pesquisa faz parte do projeto maior chamado Polar Connections, que busca compreender como a variabilidade do gelo marinho antártico está ligada à monção da América do Sul. Com a expansão do gelo marinho, por exemplo, ocorre uma modulação do ar polar sobre a Amazônia, intensificando as frentes frias no inverno brasileiro.

Camila critica eventos climáticos extremos no Brasil, como a tragédia no Rio Grande do Sul em 2024 e as intensas chuvas em São Paulo. Esses fenômenos, ela acredita, têm raízes em mudanças climáticas mediadas pela Antártida, um alerta que deve se tornar prioridade nas discussões sobre a crise climática global.

Ela e sua equipe estão utilizando radiossondas para coletar dados atmosféricos cruciais. Os sensores, que captam temperatura, umidade e pressão, ajudam a mapear as condições climáticas e a entender melhor a relação do gelo marinho com a atividade de ciclones. Os balões meteorológicos, que podem subir até 30 km na estratosfera, são lançados após meticulosos preparativos. Quando o balão estoura, a radiossonda se perde no mar, mas os dados são valiosos para o estudo.

O ambiente na Antártida, como Camila descreve, é desafiador, mas a camaradagem entre os cientistas e o intercâmbio de conhecimento se tornaram uma fonte constante de aprendizado. Sua expectativa inicial em relação à alimentação e às limitações de infraestrutura foi superada, e ela se sente contente com a equipe e os recursos disponíveis.

"Estamos apenas no começo da expedição, e ansiosa para ver o que mais a Antártida nos reserva. Com a passagem de ciclos e eventos climáticos extremos se intensificando, nossa pesquisa pode revelar informações vitais não apenas para a ciência, mas para o futuro de toda a região. Estamos conectados mais do que nunca, e cada dia aqui é uma oportunidade para fazer a diferença," conclui Camila, cheia de esperanças para suas descobertas futuras.