Tecnologia

O Vício Digital Entre Idosos: Como Lidar com a Dependência em Redes Sociais

2024-12-23

Autor: Pedro

O impacto do uso exagerado de tecnologias pelos idosos está gerando preocupações alarmantes entre especialistas. No interior de São Paulo, uma família decidiu desligar o wi-fi em casa para tentar desconectar sua matriarca, que aos 74 anos, se tornou dependente do celular. Ester, cuidadora de idosos e filha da mulher, relata que a mãe se isolou em meio às redes sociais, levando o celular até para o banheiro e dormindo com ele sob o travesseiro. Com isso, a conexão familiar se fragilizou.

A medida mais extrema da família foi retirar o chip do celular da mãe, o que a impediu de acessar redes sociais. Essa ação levanta um fenômeno crescente, a nomofobia, que se refere à ansiedade que muitos sentem quando estão sem acesso a seus dispositivos móveis. O uso excessivo de celulares está ligado a diversos problemas de saúde mental, incluindo estresse, depressão e ansiedade, principalmente entre os idosos.

Pesquisas da terapeuta ocupacional Renata Maria Santos descobriram que os idosos, longe da aversão esperada à tecnologia, estão tão apegados a seus celulares que desenvolvem essa ansiedade de desconexão. Muitas vezes, isso resulta na dependência de redes sociais como Facebook e TikTok, que são projetadas para prender a atenção de forma intensa.

A aposentada Maria Aparecida Silva, de 70 anos, compartilhou sua experiência, ressaltando que durante a pandemia de Covid-19 ela se tornou viciada no celular, que passou a ser sua única forma de contato com o mundo exterior. Ela começou a negligenciar atividades diárias e até suas horas de sono por conta do uso constante das redes sociais.

A psicóloga Anna Lucia Spear King alerta que a nomofobia pode ser um sintoma de problemas emocionais mais profundos, como compulsão ou ansiedade. O tratamento, segundo ela, deve focar nos transtornos de origem que levam a esta dependência digital. Para combater essa crise, especialistas sugerem que as famílias incentivem atividades externas e passem mais tempo com os idosos, ajudando a reestabelecer conexões pessoais.

A abordagem terapêutica envolve também promover o aprendizado sobre o uso de tecnologia de forma controlada e consciente. Cursos para ensinar idosos a usarem a internet podem fazer diferença, proporcionando um contato mais ético e seguro com o mundo digital.

Em paralelo, a demência também pode complicar essa relação, como exemplificado pela história da enfermeira Wany Passos. Sua mãe, diagnosticada com o início de Alzheimer, passou a confundir a realidade com o mundo virtual, o que levanta questões sobre a necessidade de intervenções mais delicadas e eficazes. A combinação de doenças cognitivas e dependência tecnológica é um alerta vermelho no campo da saúde.

É evidente que a era digital traz consigo desafios imensos, especialmente para a população idosa. As redes sociais devem ser uma ferramenta de conexão e não de solidão. Portanto, é fundamental que as famílias e profissionais cuidadores reconheçam os sinais de dependência e ajam para restaurar o equilíbrio entre o mundo virtual e o real.