
Opinião | Netanyahu e a indiferença pelos reféns israelenses em mãos do Hamas
2025-03-19
Autor: Maria
Binyamin Netanyahu demonstra uma alarmante indiferença pelos reféns israelenses sob o cativeiro do Hamas. Essa afirmação, que já ecoou neste espaço há meses, foi confirmada por familiares de reféns que, desesperadamente, relataram a falta de ação do governo. À medida que a situação política em Israel se deteriora, a dor e a frustração aumentam.
Manifestação e a falta de ação do governo
Einav Zangauke, mãe de um refém e ativista incansável, uniu-se a outros familiares para organizar uma manifestação nas proximidades de Gaza, buscando impedir uma nova ofensiva militar que poderia aprofundar ainda mais a crise. A percepção coletiva na sociedade israelense é clara: Netanyahu não está disposto a negociar. Para ele, tal atitude se traduziria no início do seu fim político.
Romper o cessar-fogo
Recentemente, a imprensa israelense noticiou que o Hamas manteve suas exigências para a segunda fase do cessar-fogo, mas Israel decidiu, de maneira unilateral, romper este acordo e realizar ataques aéreos que resultaram em centenas de mortes em Gaza. Dias atrás, o governo também rejeitou prontamente o plano de paz da Liga Árabe para a reconstrução da região.
Responsabilidade do governo israelense
A repercussão das mortes de palestinos, incluindo crianças inocentes, foi devastadora e acabou provocando uma ação reativa da assessoria de Netanyahu. Um vídeo foi divulgado, em inglês, direcionado ao público internacional, onde Netanyahu assume a postura de que toda a responsabilidade pelos horrores da guerra recai somente sobre o Hamas, o responsável pela brutal ofensiva em 7 de outubro de 2023. É inegável que esse grupo é um ator terrorista, mas é igualmente importante discutir a responsabilidade do governo israelense em sua ascensão e fortalecimento.
Análises midiáticas
As análises da mídia israelense, com vozes como a da jornalista Tal Schneider, ressaltam que, nos últimos anos, Netanyahu sustentou o Hamas como uma estratégia para desestabilizar a Autoridade Nacional Palestina e evitar a criação de um Estado palestino.
Escândalo "Catar Gate" e falhas de segurança
Dois eventos recentes tornam essa situação ainda mais complexa: primeiro, o escândalo denominado "Catar Gate" revelou que valores enviados do Catar ao Hamas teriam transitado por membros do gabinete de Netanyahu, envoltos em um mar de corrupção e propinas.
Em segundo lugar, o Shin Bet, a agência de inteligência interna de Israel, publicou um relatório que destacou falhas na segurança do governo durante o ataque de outubro, apontando que o financiamento ao grupo terrorista teve permissões de funções governamentais. Apesar de o relatório não mencionar direto o nome de Netanyahu, ele decidiu demitir Ronen Bar, chefe do Shin Bet, uma ação que rapidamente foi barrada pela procuradora-geral Gali Baharav-Miara, que alegou falta de base legal. É uma repetição habitual do histórico de Netanyahu em evitar responsabilizações.
A distração das operações militares
Enquanto os ataques contra Gaza se intensificam, a audiência dos casos de corrupção e tráfico de influência envolvendo Netanyahu foi suspensa, levantando sérias preocupações sobre a motivação por trás das operações militares em andamento. Essas ações desviam o foco das críticas nacionais em relação ao "Catar Gate" e às questões de segurança que cercaram os ataques.
Guerra como cortina de fumaça
Esse comportamento evidenciou como Netanyahu utiliza a guerra como uma cortina de fumaça para esconder suas próprias falhas e manter um estado de guerra constante, oferecendo, assim, uma saída conveniente para suas preocupações políticas. As acusações contra ele não podem ser facilmente desconsideradas, apesar das tentativas de medidas de silenciamento, como o rótulo de antissemitismo que frequentemente recorre em debates divergentes.
A vida dos reféns e a prioridade de Netanyahu
A sobrevivência de reféns e a dor de suas famílias são apenas detalhes em sua matemática política. Netanyahu está ciente de que a paz o destitui de poder e, portanto, a única vida que realmente importa para ele é a sua própria. Ele se arma com uma mistura de egoísmo e pragmatismo, pois sabe que a única forma dele permanecer é através da perpetuação do conflito. A verdade cruel é que a paz significaria o fim de seu governo, e, com isso, o início do julgamento por suas reais responsabilidades.