Nação

Opinião | O autoengano de Bolsonaro revela suas verdadeiras intenções

2025-03-30

Autor: João

A recente declaração de Jair Bolsonaro sobre a Constituição apresenta uma perspectiva intrigante. Em suma, ele insinuou que existem dispositivos constitucionais que lhe confeririam o poder de desfazer os resultados de uma eleição nas quais ele foi derrotado, caso os recursos tradicionais, como recorrer à Justiça Eleitoral, não sirvam a seus interesses. Essa alegação é, indiscutivelmente, absurda, mas para Bolsonaro parece ser algo perfeitamente aceitável. Sua crença na possibilidade de ultrapassar a ordem institucional foi evidente em inúmeras ocasiões durante seu governo, deixando claro que buscava os meios adequados para validar essa ideia.

Um exemplo marcante foi em maio de 2020, poucos meses após assumir a presidência. Ele participou de uma manifestação em Brasília em franca oposição aos demais Poderes, onde fez uma declaração alarmante: "O povo está ao meu lado e as Forças Armadas ao lado do povo". Essa frase demonstra não apenas sua falta de respeito pelas instituições democráticas, mas também sua convicção de que contava com o respaldo popular. Para ele, a primeira parte dessa equação já estava garantida, e ele acreditou que poderia contar com o apoio militar para consolidar essa visão.

A relação entre Bolsonaro e as Forças Armadas foi uma constante em sua administração, evidenciando como a cooptação política das instituições militares se tornou essencial para sua estratégia de governo. Essa conexão não só ilustra sua abordagem autoritária, mas também levanta questões sérias sobre o futuro da democracia no Brasil.

À medida que as eleições se aproximam, é crucial que a sociedade brasileira esteja atenta a esses sinais de autoengano. O desprezo pelas normas democráticas não deve ser subestimado. O verdadeiro desafio será garantir que os mecanismos democráticos permaneçam intactos e que nenhum líder possa usar o populismo como justificativa para atacar essas instituições fundamentais.