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Panamá Sucumbe à Pressão de Trump e Adquire Caças da Embraer

2025-04-02

Autor: Maria

Diante da crescente pressão dos Estados Unidos para retomar o controle do Canal do Panamá, uma via crucial que conecta os oceanos Pacífico e Atlântico, o Panamá anunciou a aquisição de aviões de combate A-29 Super Tucano da fabricante brasileira Embraer.

O feito foi revelado durante a feira militar LAAD, realizada no Rio de Janeiro, onde representantes da Embraer confirmaram a venda de quatro unidades do renomado modelo. Detalhes financeiros da transação, ainda em fase de finalização, não foram divulgados.

Desde 1990, o Panamá não possui Forças Armadas regulares, contando apenas com forças policiais que operam um limitado número de aeronaves de transporte e vigilância. A recente decisão de modernizar suas capacidades aéreas vem em um momento delicado, pois a pressão política, especialmente sob a administração de Donald Trump, tornou-se intensificada.

"O Super Tucano é uma plataforma comprovada, com um histórico de mais de 14 mil horas de combate em diversas partes do mundo," afirmou Márcio Monteiro, executivo da Embraer Defesa. No entanto, a empresa optou por não comentar a relação entre a pressão americana e a transação em questão, ressaltando que a operação ficará a cargo do Serviço Aeronaval do Panamá.

É importante notar que qualquer transação desse tipo com a Embraer quase certamente requer a anuência dos Estados Unidos, especialmente devido à presença significativa de componentes americanos na aeronave. No início dos anos 2000, os EUA chegaram a bloquear a venda do Super Tucano para a Venezuela, por razões políticas.

Os Estados Unidos já utilizaram o Super Tucano para equipar aliados, incluindo a Força Aérea do Afeganistão após a derrubada do Talibã em 2001. Porém, com a retirada das tropas americanas em 2021 e o retorno dos fundamentalistas ao poder, muitos dos aviões acabaram sendo deixados inoperantes ou migraram para países vizinhos.

Trump, desde sua posse, foi vocal sobre a importância estratégica do Canal do Panamá, por onde transitam cerca de 40% dos contêineres de importação dos EUA. Ele expressou preocupações com a presença de empresas de capital chinês na infraestrutura portuária da região, considerando-a uma ameaça à soberania americana.

Essa pressão culminou no abandono por parte do Panamá de um acordo de infraestrutura com a China, seguido pela aceitação de um acordo com uma empresa americana para a operação de instalações anteriormente controladas por Pequim, totalizando um valor de US$ 22,8 bilhões.

Historicamente, a relação entre os EUA e o Panamá é marcada por um sentimento de dependência, datando de 1903, quando o Panamá se separou da Colômbia com apoio militar americano, após a criação do canal. Embora a devolução do controle do canal ao Panamá tenha sido formalizada em 1999, a retórica de Trump reflete a preocupação contínua dos EUA com influências estrangeiras na região.

Adicionalmente, o Super Tucano tem mostrado um crescimento significativo nos mercados internacionais. Nos últimos anos, Portugal se tornou o primeiro operador do modelo dentro da OTAN, tendo adquirido 12 das 34 unidades que a Embraer planeja vender globalmente até 2024. No total, o Super Tucano já está presente em 21 países, com 290 aeronaves já vendidas ou encomendadas, evidenciando seu status no mercado de aeronaves de ataque leve.

A Embraer estima que o mercado potencial para o Super Tucano pode chegar a até 540 aeronaves, destacando o modelo como uma opção viável em um cenário de crescente militarização global.