Recentemente, o medo de voar se tornou um tema recorrente entre os passageiros, especialmente após fazerem experiências traumáticas durante voos. Um caso alarmante ocorreu quando após a decolagem, Shandy e outros viajantes ouviram um estrondo. Uma das portas do avião se soltou, expondo os passageiros a uma queda livre a 16 mil pés (cerca de 5 km). As máscaras de oxigênio caíram e muitos começaram a rezar, pensando que a morte era iminente.

Após essa experiência aterrorizante, Shandy, agora com 30 anos, compartilhou que o trauma psicológico resultante desse voo a persegue até hoje. Ela sofre de pesadelos constantes e associações com sons altos, como fogos de artifício, o que a leva a se esconder em casa. "A sensação de que posso morrer a qualquer momento nunca me abandona", disse ela.

Embora estatísticas mostrem que a segurança de voos comerciais melhorou drasticamente nas últimas duas décadas, isso não alivia o sofrimento de quem vivenciou traumáticas situações em voos. Uma análise sugere que acidentes aéreos têm diminuído, mas as experiências emocionais e psicológicas dos passageiros alcançam impactos duradouros.

Autoras como Rebecca B. Skolnick, psicóloga clínica, afirmam que muitos passageiros desenvolvem ansiedades significativas após incidentes de aviação, que moldam a maneira como encaram o mundo e, principalmente, o voar. Para Shandy e outras 30 pessoas do mesmo voo, a Alaska Airlines e a Boeing estão sendo processadas por danos emocionais e físicos.

Incidentes de segurança, incluindo um acidente de avião da Singapore Airlines em que um passageiro faleceu e 83 ficaram feridos, colocam ainda mais pressão sobre a indústria aérea, que tem sido criticada por várias falhas de segurança. Em julho, um voo que partiu da Espanha teve que fazer um pouso de emergência no Brasil devido a turbulência severa, deixando outros 40 passageiros hospitalizados.

Um estudo recente de 2023 apontou que mudanças climáticas podem agravar a turbulência, tornando os voos cada vez mais incertos. Pesquisas revelam que a turbulência severa aumentou em 55% entre 1979 e 2020.

Dorian Cerda, outro passageiro marcado por um incidente traumático, relembra quando o motor do avião em que estava pegou fogo em pleno voo. Ele gravou uma mensagem de despedida para sua família, sentindo que a situação estava além de seu controle. "Eu sobrevivi, mas minha vida mudou para sempre", desabafou.

O tratamento psicológico e o suporte emocional são frequentemente esquecidos após tais experiências. Eileen Rodriguez, uma veterana comissária de bordo, destacou que as comissárias também enfrentam seus próprios traumas. Ela mesma sofreu lesões significativas durante um voo turbulento e precisou de meses de terapia para retomar sua carreira.

Os estudos sobre como experiências de voos traumáticos afetam a saúde mental estão crescendo, revelando que 47% dos sobreviventes de acidentes aéreos correm risco de desenvolver transtornos de estresse pós-traumático. Além disso, a sensação de segurança vista pelos passageiros, muitas vezes, é ilusória. O impacto de incidentes não fatais tem efeitos graves que podem durar por anos.

Por fim, a mensagem principal que nos resta é que as sequências de eventos traumáticos na aviação não devem ser ignoradas na busca por segurança na indústria. A identificação e o tratamento adequado do trauma vivido por sobreviventes são essenciais, tanto para manter a saúde mental dos passageiros quanto para criar um ambiente de voo mais seguro e acolhedor.