Par de buracos negros com explosões de luz incomuns intriga astrônomos
2024-11-22
Autor: João
Um alertade fenômenos astrofísicos chamou a atenção de cientistas em março de 2021. Astrônomos detectaram pela primeira vez emissões estranhas provenientes de um sistema automatizado que utiliza dados da Zwicky Transient Facility (ZTF), localizada na Califórnia, para identificar objetos que brilham rapidamente no céu do hemisfério norte.
Em 2022, mais explosões exigiram novas explicações. Inicialmente, o fenômeno havia sido interpretado como uma possível supernova, devido ao padrão repentino de brilho observado. No entanto, após análises mais aprofundadas, o evento foi reclassificado como um núcleo galáctico ativo — uma categoria que descreve um buraco negro que consome material de um disco de acreção ao seu redor.
Lorena Hernández-García, astrofísica do Instituto Millennium de Astrofísica no Chile e uma das autoras do estudo, revelou ao Space.com: "Isso é muito diferente de qualquer coisa que eu já vi antes".
Sinais intrigantes nos dados
Até o momento, os dados obtidos não revelaram nenhuma característica típica de um evento de perturbação, conhecido como TDE (tidal disruption event), que ocorre quando uma estrela é fragmentada pela gravidade de um buraco negro.
O modelo que melhor se ajusta aos dados sugere que uma colossal nuvem de gás se aproximou da galáxia em uma trajetória perpendicular à órbita dos dois buracos negros. Essa nuvem, maior que o sistema binário em si, teria sido despedaçada pela imensa força gravitacional dos buracos negros.
As emissões que se assemelham a uma letra M permanecerão um enigma até que mais dados sejam coletados. Se confirmadas, elas podem ser o resultado de fragmentos de gás sendo ejetados a cada passagem de um dos buracos negros pela nuvem. No entanto, os pesquisadores ainda não descartam a possibilidade de que um tipo previamente desconhecido de TDE parcial esteja ocorrendo nesta galáxia, conforme afirmou Hernández-García.
Ela ainda observou que a escassez de detecções anteriores provavelmente se deve às limitações dos instrumentos disponíveis. "Desde que a ZTF começou a mapear o céu em 2018, estamos descobrindo muitas coisas estranhas que não éramos capazes de ver antes. Isso abre novas fronteiras de pesquisa em astrofísica", concluiu a pesquisadora.
Os pesquisadores continuam a monitorar esses fenômenos e as implicações que eles podem ter para o entendimento da formação de buracos negros e sua interação com o ambiente galáctico. O que mais os céus têm a nos revelar?