Nação

'Pelo menos um pedido de desculpas, Tarcísio!', clama mãe de estudante morto pela PM

2025-01-09

Autor: Matheus

Silvia Mónica Cárdenas Prado, mãe do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, fez um apelo emocionado em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (8), em São Paulo, buscando justiça pela morte brutal de seu filho. Marco foi morto por um policial militar na madrugada do dia 20 de novembro, após dar um tapa no retrovisor de uma viatura na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Ele estava desarmado quando foi imobilizado e, conforme a denúncia do Ministério Público feita hoje, o policial disparou contra ele à queima-roupa, configurando o caso como uma execução.

Silvia não poupou críticas ao governador Tarcísio de Freitas e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, alegando que ambos não demonstraram compaixão ou tomaram ações adequadas após a tragédia. Embora tenham se manifestado 40 horas após a repercussão do caso, Silvia enfatizou que isso não é suficiente: "Eu quero justiça, eu quero desse miserável do Tarcísio ao menos um pedido de desculpas." Ela expressou sua indignação em relação à impunidade enfrentada pelas vítimas da violência policial: "A polícia mata, tapa como gato e continua sua vida, e quem chora é a mãe e o pai."

O pai de Marco Aurélio, Julio César Acosta Navarro, também falou na coletiva, relembrando a trajetória de luta do filho, que enfrentou várias dificuldades para chegar aonde estava, destacando que ele não merecia um fim tão cruel. Na ocasião, o advogado da família, Roberto Guastelli, criticou a morosidade da Polícia Militar em fornecer as imagens das câmeras corporais, o que, segundo ele, atrasou a investigação pela Polícia Civil.

Silvia prometeu que lutará incansavelmente pela justiça do filho, determinando que "meu filho não será só mais um número". Essa determinação reflete o clamor de várias mães e famílias que também perderam seus entes queridos pela violência policial, um problema que persiste no Brasil e que tem gerado protestos e mobilizações sociais em busca de reforma nas instituições de segurança pública.

O Ministério Público de São Paulo formalizou, nesta quarta-feira, uma denúncia contra os policiais militares envolvidos, Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, acusando-os de homicídio qualificado e agindo de forma desproporcional e abusiva. Os Promotores destacaram que os policiais usaram força letal contra uma pessoa visivelmente desarmada e sem ameaça concreta à segurança deles, desrespeitando os padrões operacionais da corporação, e que a ação foi executada com violência excessiva. A investigação concluiu que o uso da arma foi injustificável, considerando que não havia risco iminente aos policiais. O MP-SP agora aguarda uma decisão judicial sobre o recebimento da denúncia. Caso ela seja aceita, os policias enfrentarão processos judiciais pelas acusações.