Peter Navarro: O Enigmático Conselheiro de Trump que Revolucionou o Comércio
2025-04-20
Autor: Julia
Em um dia ensolarado de julho, Peter Navarro deixou uma prisão federal em Miami após quatro meses de detenção por desacato ao Congresso, decorrente de sua recusa em testemunhar sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, que ele alegou ser uma defesa da Constituição.
Logo após sua libertação, Navarro voou para Milwaukee, onde discursou na Convenção Nacional Republicana, demonstrando seu apoio à reeleição de Donald Trump. "Eles me prenderam, mas não me quebraram!", exclamou, gerando aplausos fervorosos da multidão.
Aproximando-se dos 100 dias do novo mandato presidencial, Navarro já tinha auxiliado Trump em diversas políticas comerciais que elevaram tarifas a níveis não vistos em um século, um esforço para diminuir a dependência dos EUA de importações, principalmente da China.
Um economista de Harvard e ex-democrata, Navarro há mais de 20 anos critica o impacto negativo do comércio internacional sobre os trabalhadores americanos. Embora alguns economistas concordem com sua visão sobre a destruição de empregos pela globalização, muitos criticam sua abordagem tarifária, argumentando que elas aumentam os preços e podem desacelerar a economia.
Edward Alden, um pesquisador do Conselho de Relações Exteriores, o chamou de "talvez o pior conselheiro comercial que um presidente moderno já teve", argumentando que suas análises, apesar de algumas válidas, alimentaram políticas caóticas.
Navarro, no entanto, se defende, reiterando que age de acordo com as diretrizes de Trump e que sua prisão foi uma prova de lealdade. Ele argumentou que não se pode confiar na academia para avaliar corretamente a economia do presidente, afirmando com convicção: "Estamos certos. Eles estão errados. Fim da história."
O ex-assessor de Trump, Richard Grenell, acredita firmemente na missão de Navarro de expandir a produção dos EUA, alertando que a falta de ação levará o país à ruína.
Nos seus primeiros anos, Navarro teve uma infância feliz, com pais que enfrentaram dificuldades financeiras após o divórcio. Ele prosperou academicamente, estudando nas melhores universidades e até servindo no Peace Corps na Tailândia, onde desenvolveu uma visão mais ampla do mundo.
Com um doutorado em economia, Navarro acreditava firmemente nos benefícios do livre comércio, até que a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001 mudou sua perspectiva, levando-o a focar nas práticas comerciais predatórias da China.
Seus livros e documentários, como "Death by China", ganharam notoriedade, embora tenham sido criticados por serem exagerados. No entanto, Trump elogiou sua obra, mostrando a forte conexão entre eles.
Durante seu mandato no governo Trump, Navarro enfrentou resistência, especialmente de Gary Cohn, um "globalista" que se tornou seu rival, dificultando a implementação de suas ideias. Contudo, o apoio de Trump o ajudou a avançar em algumas iniciativas, como tarifas sobre alumínio e aço.
Navarro também se destacou durante a pandemia, ajudando a mobilizar empresas para produzir equipamentos essenciais, mas se envolveu em polêmicas, como sua defesa da hidroxicloroquina.
Agora, seu futuro se encontra em um ponto delicado, com as tarifas que impôs sendo desafiadas por conselheiros e pela pressão da indústria. As tensões entre suas políticas maximalistas e as realidades econômicas podem estar levando a uma situação insustentável.
Economistas alertam que as tarifas prejudicam principalmente os mais pobres, que gastam mais em produtos tarifados. Apesar disso, Navarro continua a defender sua visão de que tarifas podem beneficiar a economia americana.
Com o futuro econômico do país em jogo, a lealdade de Navarro a Trump pode ser testada de forma crítica, enquanto ele navega nas turbulentas águas da política comercial dos EUA.