PL abandona Braga Netto e reforça proteção a Bolsonaro
2024-12-16
Autor: Fernanda
Em meio a um cenário conturbado, a bancada do PL demonstra um consenso: a preservação de Jair Bolsonaro é prioridade máxima. Enquanto opiniões divergentes sobre a prisão do general Walter Braga Netto permeiam os bastidores, a maioria dos membros do partido prefere manter distância desse episódio, deixando as manifestações partidárias nas mãos do presidente Valdemar Costa Neto. O intuito é claro: proteger Bolsonaro a todo custo, mesmo que isso signifique deixar Braga Netto para se defender sozinho.
Os integrantes do PL reconhecem que Bolsonaro é o seu maior trunfo eleitoral. Sua força é considerada essencial para construir uma expressiva bancada nas eleições de 2026 e garantir uma fatia considerável do fundo partidário. Neste contexto, muitos membros não hesitam em afirmar que, se necessário, deixarão Braga Netto enfrentar as consequências legais sem apoio.
O sentimento entre os parlamentares é que a melhor abordagem é evitar qualquer associação do PL ao inquérito sobre tentativa de golpe de Estado. Em conversas reservadas, a estratégia é clara: minimizar a exposição do partido e deixar que o acusado assuma a responsabilidade por suas ações. Essa postura é evidenciada pela falta de declarações de apoio à Braga Netto por parte de Costa Neto. Ao ser questionado, ele afirmou que não havia lido os documentos relacionados ao caso e optou por não comentar a situação.
A reação de Bolsonaro e seus filhos foi mais cautelosa; durante a noite de sábado, o ex-presidente se manifestou em suas redes sociais, questionando a lógica de prender alguém que poderia interferir em uma investigação já encerrada. A pergunta que fica no ar: esta detenção pode estar ligada a uma estratégia para minar a candidatura de Bolsonaro nas próximas eleições?
No Congresso, a divisão também se faz sentir. Embora alguns deputados do PL saiam em defesa de Braga Netto, a maioria prefere silenciar. Muitos acreditam que o foco deve estar na agenda legislativa, e não neste incidente. No entanto, algumas vozes se destacam, como a da deputada Bia Kicis (PL-DF), uma ferrenha defensora de Braga Netto, que descreveu a prisão como um "absurdo incrível" e acredita que o verdadeiro alvo é Bolsonaro.
As notícias do Supremo Tribunal Federal (STF) indicam, até o momento, que não há intenção de prender o ex-presidente. Muitos especialistas na área acreditam que a Corte não tomará medidas drásticas até que o processo sobre Bolsonaro esteja completamente finalizado. A expectativa é que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deixe a questão do ex-presidente em segundo plano até 2025, visando lidar com os assuntos separadamente.
Enquanto isso, o PL se prepara para tratar a situação de Bolsonaro como uma questão exclusivamente eleitoral, mesmo que isso implique discutir sua inelegibilidade. A conclusão que se chega é que, independentemente das circunstâncias legais, Bolsonaro continua sendo uma figura central na política nacional, detendo uma quantidade significativa de votos. O partido não enxerga um futuro promissor sem o ex-presidente, já que uma eventual prisão poderia abrir espaço para a migração do eleitorado para outras candidaturas à direita em 2026. Portanto, o discurso será de que qualquer ação judicial contra Bolsonaro será uma manobra para afastá-lo das campanhas, prejudicando o PL em sua busca por um espaço relevante nas urnas.