Na tarde desta segunda-feira (16), um evento controverso tomou conta da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul: João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi agraciado com a Medalha do Mérito Farroupilha, a mais elevada honraria da casa. Essa homenagem, pouco antes do ato, havia gerado um abaixo-assinado com mais de 25 mil assinaturas pedindo o cancelamento da entrega, liderado por deputados da direita.

A sessão de homenagem foi marcada por intensa presença de apoiadores do MST, que lotaram o Salão Júlio de Castilhos, onde mais de 200 pessoas, entre assentados e simpatizantes, aplaudiram Stédile. Do lado de fora, cerca de 200 apoiadores acompanhavam a cerimônia através de um telão. À frente do ato, o deputado Adão Pretto Filho (PT) ressaltou que a homenagem se dá em um ano significativo para o movimento, que celebra quatro décadas de luta pela reforma agrária no Brasil.

A entrega da medalha ocorreu após a apresentação de músicas em apoio ao MST e a leitura de uma carta de várias associações que apoiaram a iniciativa. Emocionado, Stédile fez questão de beijar a medalha e erguer a bandeira do movimento em seu discurso, afirmando que a honraria não era apenas para ele, mas para todos que lutam pelos direitos à terra.

No entanto, a homenagem não vem sem controvérsias. Embora tenha sido aprovada à unanimidade anteriormente, a decisão gerou reações de descontentamento entre parlamentares alinhados com o bolsonarismo, resultando em tentativas de barrar a cerimonia. O deputado Pepe Vargas (PT), que entregou a medalha, salientou a importância da pluralidade da Assembleia e a necessidade de respeitar as decisões democráticas do corpo legislativo.

Stédile, após receber a medalha, fez um discurso inflamado, prometendo criar milhares de réplicas da honraria para distribuir entre os membros do MST, reforçando a ideia de coletividade e luta conjunta em prol da reforma agrária.

Essa situação evidencia um Brasil polarizado, onde ações de instituições que aparentemente deveriam gerar consenso acabam se tornando um campo de batalha política. O ato de entrega da medalha é um vislumbre dos desafios e tensões sociais que ainda permeiam as discussões sobre reforma agrária e os direitos dos trabalhadores rurais no país.