Polícia Federal Aprecia Áudio de Cid Revelando Potencial Golpe Antes da Diplomação de Lula
2024-11-26
Autor: João
A Polícia Federal (PF) concluiu que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, insinuava a defesa de um golpe de Estado em um áudio gravado em 29 de novembro de 2022, pouco antes da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, que aconteceria em 12 de dezembro daquele mesmo ano. O conteúdo do áudio foi repassado ao general Mario Fernandes, que na ocasião era secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência e um forte defensor de ações para impedir a posse de Lula.
Na gravação, Cid se mostra preocupado com a possibilidade de a espera por posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro resultar em consequências adversas, afirmando: "O negócio é que ele [Bolsonaro] tem essa personalidade às vezes. Ele espera, espera, espera para ver até onde vai, ver os apoios que tem. Só que, às vezes, o tempo está curto, não dá para esperar muito mais passar. Teria que ser antes do dia 12". Apesar de não mencionar a palavra 'golpe', a PF sugere que essa era a intenção de Cid ao se comunicar com Fernandes.
As indagações sobre um suposto golpe não ficam restritas a Cid. Na verdade, Bolsonaro e mais 36 associados foram indiciados pela PF na investigação acerca de tentativas de desestabilização do governo eleito. O relatório final do inquérito foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro Alexandre de Moraes atua como relator do caso. Moraes apontou que existem "robustos e gravíssimos indícios" de que integrantes do governo discutiram e até planejaram a eliminação de Lula e Alckmin, visando manter o poder.
Mario Fernandes, sendo uma voz ativa em discussões sobre a inviabilidade da posse de Lula, expressou sua insatisfação através de mensagens que instigavam o presidente a tomar medidas excepcionais, como a decretação de estado de sítio. Em uma troca de mensagens, ele criticou a falta de ação do governo, afirmando: "Precisamos agir, a inoperância é inaceitável".
Essa conversa levanta questões sobre os limites do debate político no Brasil e os comportamentos dos militares frente a uma transição de governo. É um cenário que sugere uma tensão latente que, se não for controlada, pode evoluir para ações mais extremas. A polarização política continua a ser um tema premente na sociedade brasileira, e investigações como essas jogam luz sobre as verdadeiras intenções de grupos que pretendem desafiar a democracia.
A situação atual levanta preocupações sobre a segurança democrática no Brasil, em um momento em que extremismos políticos parecem estar mais em alta do que nunca. As atitudes de figuras proeminentes, como ex-membros do governo e militares, precisarão ser observadas de perto para garantir a manutenção da ordem e do respeito à constituição.