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Por que a Groenlândia é o novo objeto de desejo de Trump?

2025-03-30

Autor: Matheus

A Groenlândia, com sua capital Nuuk, está mais próxima de Nova York do que de Copenhague, o que a torna um território estratégico para os Estados Unidos, segundo a historiadora Astrid Andersen, do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Dinamarca foi ocupada pela Alemanha, os EUA tomaram as rédeas da Groenlândia e, na prática, nunca se afastaram completamente. Atualmente, os Estados Unidos mantêm uma base militar em Pituffik, anteriormente conhecida como Thule, que foi vital durante a Guerra Fria para detectar possíveis ameaças da União Soviética. Essa base segue sendo crucial para o sistema de defesa antimísseis americano.

No entanto, os EUA expressam preocupação com a vigilância do espaço aéreo e das zonas marítimas ao leste da Groenlândia. O cientista político Ulrik Pram Gad comenta que, em um momento em que o derretimento das geleiras abre novas rotas marítimas, essa preocupação é legítima, mas as declarações de Trump podem ser exageradas.

A fixação de Trump pela Groenlândia não é recente; em 2019, ele expressou interesse em comprar a ilha, proposta que foi prontamente rejeitada pela Dinamarca. Mas o que realmente atrai os Estados Unidos? Os recursos minerais da Groenlândia são considerados extremamente valiosos. Desde 2009, os próprios groenlandeses decidem como utilizar suas matérias-primas, mas os EUA assinaram um memorando de cooperação em 2019, destacando o acesso a esses recursos como fundamental. Em 2023, a União Europeia também firmou um acordo para explorar as ricas reservas minerais da ilha, que incluem terras raras, vital para a tecnologia moderna.

As dificuldades no setor de mineração são evidentes, com apenas duas minas em operação: uma de rubis buscando investimentos e outra extraindo anortosito, um mineral que inclui titânio. Apesar de querer se tornar independente da Dinamarca, a Groenlândia ainda depende economicamente da pesca e de um subsídio dinamarquês que representa um quinto de seu PIB.

Além disso, um novo aeroporto internacional na capital, previsto para ser inaugurado em novembro, poderia impulsionar o turismo, mas isso depende de melhorias na infraestrutura da ilha. A especialista em geopolítica Ditte Brasso Sørensen observa os desafios locais, incluindo clima severo, ambiente protegido e altos custos, que dificultam a atração de investidores. A questão é: a Groenlândia será capaz de transformar seu potencial em realidade ou continuará sob a sombra das potências externas?