Nação

Procurador-geral da Venezuela faz acusações explosivas contra Lula: 'Agente da CIA' ou apenas um homem mudado?

2024-10-14

Autor: Julia

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, lançou uma acusação bombástica ao afirmar que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Chile, Gabriel Boric, seriam "agentes da CIA", o serviço de inteligência dos Estados Unidos.

"Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada 'esquerda'? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria. (...) Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes, Lula, que não é o mesmo que saiu da prisão, por tudo que acusou agora, não é o mesmo em nada: nem em seu físico, nem em como ele se expressa", disparou Saab durante uma entrevista à televisão estatal venezuelana.

Essas acusações infundadas não têm nenhum respaldo com provas concretas que liguem Lula à CIA. Saab, que é um estreito aliado do presidente venezuelano Nicolás Maduro, aproveitou para criticar a postura de Lula em relação à recente eleição na Venezuela, onde Maduro foi reeleito. O brasileiro exigiu a publicação das atas eleitorais para reconhecer a vitória do presidente venezuelano, destacando a falta de transparência no processo eleitoral.

A Secretaria de Comunicação da Presidência do Brasil decidiu não comentar as declarações de Saab, preferindo manter o foco em compromissos internos importantes.

Saab ainda afirmou que Lula só conseguiu ser eleito devido à validação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), semelhante ao que teria ocorrido na Venezuela. Este argumento foi repetido por Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, mas a comparação falha em vários aspectos. Diferentemente das instituições eleitorais venezuelanas, que carecem de independência e são frequentemente acusadas de manipulação, o TSE brasileiro é considerado um órgão independente, respeitado e auditado por observadores internacionais.

Além disso, a recente eleição na Venezuela foi marcada por inúmeras controvérsias. Maduro foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas as atas eleitorais da votação não foram publicadas, gerando uma onda de protestos tanto de opositores como da comunidade internacional, que criticaram a falta de abertura e transparência no processo.

Dentre os opositores que alegam ter vencido as eleições, Edmundo Gonzáles se destacou, afirmando ter evidências de sua vitória e publicando atas eleitorais de cerca de 80% das urnas em um site. Essa ação levou a investigações do Ministério Público venezuelano e até a um mandado de prisão contra Gonzáles.

Recentemente, Gonzáles pediu asilo político na Espanha após se esconder por um mês devido a perseguições. O presidente Maduro expressou seu desejo de vê-lo preso, enquanto Gonzáles afirma que retornará à Venezuela como "presidente eleito" na data marcada para sua posse, em 10 de janeiro.

Por sua vez, o Centro Carter, uma organização que monitora democracias, confirmou que Gonzáles venceu as eleições e entregou esses dados à Organização dos Estados Americanos (OEA), fortalecendo ainda mais as alegações da oposição. O clima de tensão política continua a se agravar, com investigações internacionais sobre a legitimidade da eleição, enquanto o governo Maduro se fecha em uma bolha de desinformação em relação à situação.

As declarações de Saab fazem parte de um padrão mais amplo de deslegitimação da oposição na Venezuela, à medida que o regime busca controlar narrativas e silenciar vozes dissidentes em um cenário de crise severa e miséria econômica.