Professor e argentina são indiciados por racismo após imitar macacos em roda de samba no Rio de Janeiro
2024-11-20
Autor: Fernanda
Um professor e uma argentina foram indiciados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por racismo, após protagonizarem uma cena constrangedora em uma roda de samba, onde imitaram macacos. Este caso chocante veio à tona no Dia da Consciência Negra, uma data importante que marca a luta contra a discriminação racial no Brasil.
Dados recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, apenas no primeiro semestre deste ano, 1.719 pessoas relataram crimes motivados por intolerância, o que representa uma média alarmante de nove casos por dia. Entre esses, 46 ocorreram no ambiente virtual, reforçando a necessidade de atenção a todo tipo de discriminação.
As investigações detalham que, durante o evento, as imagens dos supostos atos racistas foram analisadas, e testemunhas foram ouvidas. O relatório da polícia destaca a gravidade das ações, que perpetuam uma antiga narrativa de desumanização da população negra. O ato foi considerado uma associação pejorativa entre negros e primatas, uma comparação que historicamente tem sido usada para justificar a discriminação racial.
A identificação da argentina foi facilitada pelo Centro de Cooperação Policial Internacional do Rio, já que ela estava no Brasil participando de um seminário do Fórum Latino-Americano de Educação Musical (Fladem). Carolina deixou o país dois dias após o incidente, enquanto Thiago retornou para São Paulo sem participar do evento.
As imagens que geraram a controvérsia foram capturadas pela jornalista Jackeline Oliveira e rapidamente se espalharam pelas redes sociais. O vídeo mostra o casal, ambos brancos, imitando macacos, com gestos que foram imediatamente interpretados como ofensivos, mas que segundo Thiago, foram apenas parte de uma 'dança criativa', onde vários animais teriam sido imitados.
Os advogados de Carolina defendem que sua participação não foi de natureza discriminatória, alegando que ela também imitou outros animais. Porém, a polícia enfatiza que tais comportamentos, mesmo que considerados 'brincadeiras', podem ter impactos prejudiciais e perpetuar traumas. Conforme a legislação brasileira, este crime é inafiançável e imprescritível, com penas que variam de 3 a 5 anos de prisão.
Além da gravidade deste caso, dados do painel interativo de discriminação revelam ainda que a maioria das vítimas de crimes de preconceito são mulheres negras, com predomínio de ocorrências na via pública. Essa situação levanta questões significativas sobre a necessidade de um compromisso permanente com a educação e conscientização sobre questões raciais.
O GLOBO continua a tentar localizar a defesa dos acusados e acompanhar o desdobramento deste triste episódio. Enquanto isso, a população é encorajada a denunciar qualquer ato de preconceito, seja em delegacias, ou através de plataformas online, para ajudar a combater essa triste realidade no Brasil.