Protestos Explosivos na Geórgia: A Violência Policial Aumenta e a Oposição Luta com Garras
2024-12-02
Autor: João
Os tumultos na Geórgia atingiram um novo patamar de tensão nesta segunda-feira (2), completando cinco dias de manifestações contra o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze e o partido governante, Sonho Georgiano. Milhares de manifestantes, incluindo a presidente Salome Zourabichvili, estão exigindo mudanças drásticas após o controverso resultado das eleições recentes e a decisão do governo de interromper as negociações de adesão à União Europeia.
Acusações de fraude eleitoral tomaram conta das ruas, com relatos de manipulação, violência e constrangimento durante o pleito, corroborados por observadores internacionais e entidades da Comissão Europeia. Essa situação gerou uma crise política sem precedentes no país.
Zourabichvili, que se tornou uma figura emblemática da oposição, pediu, em entrevista a uma rádio francesa, um apoio "moral e político" mais consistente da União Europeia. Embora sua função seja protocolar, ela vem utilizando sua plataforma para desafiar o governo e destacar a deterioração da democracia no país, especialmente desde que o Sonho Georgiano assumiu o poder.
O governo, por sua vez, não tem economizado em provocação, com Kobakhidze afirmando que a presidente e a oposição estão "incendiando" a nação. Além disso, ele anunciou a indicação de um ex-jogador de futebol, Mikheil Kavelashvili, para a presidência, um movimento que foi amplamente interpretado como uma tentativa de ridicularizar os opositores.
Com o clima de instabilidade, diversas escolas e universidades decidiram suspender o funcionamento, com muitos alunos e professores se unindo aos protestos. O ambiente de descontentamento é palpável, refletindo uma troca de acusações entre o governo e os manifestantes. Zourabichvili comemorou nas redes sociais a saída de um membro do Ministério do Interior, considerado responsável por atividades repressivas, alegando que isso indica que o aparato repressivo está em colapso.
Os confrontos foram intensos, resultando na detenção de mais de 150 pessoas, incluindo líderes de oposição. A resposta do governo às alegações de brutalidade policial foi desmentir as acusações e enfatizar que diversos policiais também ficaram feridos nos confrontos.
"Zourabichvili está histérica, assim como os partidos de oposição", disparou Kobakhidze em uma coletiva de imprensa, referindo-se às críticas feitas à administração. Ele ainda fez um alerta de que o que está sendo promovido é um "bullying e fascismo liberal" pela oposição.
Enquanto isso, a Geórgia vive sob a sombra da ocupação de partes de seu território por forças russas. A nação se tornou uma rota alternativa para os oligarcas russos, especialmente após o início da guerra na Ucrânia, o que intensificou sua relevância como um corredor estratégico para comércio e energia, tanto para a Europa quanto para a Rússia. O futuro da Geórgia permanece incerto, com desfechos que podem impactar não apenas a nação, mas toda a região do Cáucaso.