Ciência

Psicólogos monitoram cientistas 'isolados' na Antártica após denúncias de assédio e agressão

2025-03-20

Autor: Matheus

Recentemente, psicólogos e especialistas foram designados para estabelecer contato contínuo com os nove membros de uma equipe de pesquisadores que se encontra em uma base isolada na Antártica. A situação, relatada pelo The Guardian, é alarmante, pois surgiram denúncias de assédio e agressão no local. Essa base, localizada em uma região remota próxima a um penhasco, funciona durante todo o ano com uma equipe residente, e apenas em dezembro uma nova turma de pesquisadores deverá assumir o posto, quando as severas tempestades de gelo do inverno no Hemisfério Sul finalmente cessarem.

De acordo com relatos, uma das denúncias surgiu a partir de um conflito relacionado a uma tarefa imposta pelo líder da equipe, que demandou uma alteração no cronograma devido a condições climáticas extremas. Normalmente, a equipe é composta por cientistas, engenheiros e um médico, mas a pressão e o isolamento tornaram essa convivência ainda mais desafiadora.

Em resposta, o órgão responsável pelo programa antártico do país ativou um plano de resposta imediata, envolvendo profissionais treinados para mediar e restabelecer relacionamentos na base, um processo que vem ocorrendo quase diariamente. Além disso, o departamento informou que está investigando uma acusação de assédio sexual, embora tenha ressaltado que nenhuma situação exigiu a evacuação de membros para a Cidade do Cabo. O acusado, por sua vez, se mostrou cooperativo, concordando em se submeter a uma avaliação psicológica e formalizando um pedido de desculpas por escrito à suposta vítima.

"Ele se mostrará disposto a se desculpar verbalmente a todos os colegas. O departamento também está promovendo um processo de intervenção a longo prazo, com serviços de aconselhamento profissional para restaurar a harmonia e a saúde do ambiente de trabalho", declarou a nota oficial.

A Base Científica, onde esses pesquisadores estão 'prisioneiros', é um dos locais mais hostis da Terra. Nitidamente, a infraestrutura apresentava grave limitação e o clima extremo pode manter os cientistas completamente afastados do restante do mundo por meses. O frio intenso, que pode chegar a -50°C durante o inverno, junto a ventos fortes e escuridão prolongada, impede qualquer movimentação livre.

Essa instalação foi construída sobre pilares elevados, ajudando a evitar soterramentos e facilitando a manutenção. Seu propósito é realizar pesquisas científicas como estudo das mudanças climáticas, meteorologia, geomagnetismo e monitoramento da camada de ozônio, além do estudo das auroras polares e atividade solar, enriquecendo o conhecimento sobre o impacto ambiental na região.

Historicamente, a Antártica tem enfrentado vários episódios de má conduta. Incidentes anteriores de assédio e agressões têm sido relatados em expedições, e muitos pesquisadores alegam que a interações de mentes sob estresse, isolamento prolongado e convivência forçada tornam difícil a denúncia de comportamentos inadequados. Um exemplo notório é o de Jane K. Willenbring, que compartilhou uma experiência de assédio durante uma expedição nos anos 1990, só formalizando a queixa anos depois, já estabelecida em sua carreira acadêmica.

Além disso, as equipes que atuam na Antártica passam por um rigoroso processo de seleção e treinamento, similar ao de astronautas, avaliando habilidades técnicas, psicológicas e habilidades interpessoais. Segundo o Dr. George, se os resultados das avaliações forem negativos, esses pesquisadores não são admitidos.

Contudo, a remoção de um científico da base pode ser logisticamente complexa. Durante o rigoroso inverno antártico, cada membro desempenha um papel crucial no funcionamento da base, o que torna quase inviável a retirada de apenas uma pessoa. Professores e especialistas têm apontado que a situação atual é um chamado a atenção para a necessidade de se estabelecer protocolos mais eficazes e seguros, visando à integridade e ao bem-estar de todos os envolvidos em pesquisas naquela região extrema.