Saúde

Qual o perigoso lado oculto do consumo de álcool?

2024-10-04

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta alarmante: o risco para a saúde de quem consome álcool 'começa na primeira gota'. Em um tempo em que algumas pesquisas apontavam benefícios do consumo moderado de bebidas alcoólicas, especialmente o vinho tinto, a OMS revisou estas afirmações e concluiu que não existe nível seguro de consumo de álcool.

Estudos recentes demonstram que o álcool é responsável por um número alarmante de mortes. Em 2019, a OMS registrou 2,6 milhões de óbitos em todo o mundo devido ao consumo de álcool. Entre essas mortes, 1,6 milhão estavam ligadas a doenças não transmissíveis. Desses, 474.000 foram vítimas de doenças cardiovasculares e 401.000 de câncer. Além disso, cerca de 724.000 mortes foram atribuídas a ferimentos, incluindo acidentes de trânsito e suicídios.

Pesquisas destacam que o álcool está diretamente relacionado a pelo menos sete tipos de câncer, como os de intestino e mama, um dado preocupante que poderia impactar muitas vidas no Brasil, onde o consumo de álcool é elevado. A análise da OMS sugere que mesmo o consumo leve e moderado, definido como menos de 1,5 litro de vinho, menos de 3,5 litros de cerveja ou menos de 450 mililitros de destilados por semana, é suscetível a riscos significativos.

Tim Stockwell, um respeitado cientista do Instituto Canadense de Pesquisa sobre Uso de Substâncias, reconhece a seriedade da advertência da OMS, afirmando que “o álcool é essencialmente uma substância de risco que inicia seus efeitos adversos assim que você começa a beber”. Ele destaca que a promoção de estudos que validam o consumo moderado como seguro é frequentemente baseada em pesquisas de qualidade duvidosa.

Por outro lado, vozes como a do professor David Spiegelhalter, da Universidade de Cambridge, levantam questões sobre a obsessão atual por avaliar os riscos do consumo moderado de álcool. Ele sugere que, embora o risco exista, é importante ponderar os prazeres e a qualidade de vida proporcionados pelo ato de beber socialmente. "O que é estar vivo senão disfrutar do que podemos?" indaga Spiegelhalter.

Embora a OMS e outros especialistas lancem avisos em relação ao consumo de álcool, dados indicam que em algumas regiões do mundo, há uma leve diminuição no consumo per capita de bebidas alcoólicas. Globalmente, essa média caiu de 5,7 litros em 2010 para 5,5 litros em 2019. O consumo masculino permanece superior, com uma média de 8,2 litros, comparado a apenas 2,2 litros entre as mulheres.

O relato de indivíduos como Anna Tait, que decidiu eliminar o álcool de sua vida, ilustra uma tendência crescente: a busca por hábitos mais saudáveis. Ao se preparar para uma maratona e, com apoio de seu treinador, Tait encontrou bem-estar e força em sua decisão, afirmando que agora acorda se sentindo renovada e sem as ressacas e incertezas associadas ao consumo excessivo.

É evidente que a mudança nos hábitos de consumo de álcool está em curso, especialmente entre os mais jovens, que estão cada vez mais conscientes dos riscos. E você, já refletiu sobre o impacto do álcool em sua vida? Pense bem antes de levantar seu próximo copo!