Recado de Bolsonaro: Preso, Braga Netto não Deve Delatar?
2024-12-16
Autor: João
Braga Netto Passa Sua Primeira Noite na Prisão no Rio de Janeiro
A recente postagem de Jair Bolsonaro (PL), feita logo após a prisão do general Braga Netto no sábado (14), foi interpretada por muitos militares como uma mensagem clara: um apelo para que o general não se torne um delator.
"Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", indagou Bolsonaro em sua postagem, referindo-se à prisão, sem, no entanto, citar o nome de Braga Netto. Essa declaração sugere uma defesa à lealdade do general em um momento crítico.
De acordo com fontes próximas à investigação, a atual avaliação entre os militares é de que é improvável que Braga Netto opte por uma delação premiada, principalmente em virtude de um compromisso de lealdade militar. Essa lealdade é um fator que pesa bastante nas decisões de membros das forças armadas.
Além disso, Braga Netto parece ter um apoio político substancial, evidente nas defesas expressas por figuras como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que chamou a prisão do general de um atropelo da justiça.
Entretanto, a possibilidade de uma delação não pode ser totalmente excluída. Investigadores lembram o caso do assassino confesso Ronnie Lessa, que, em uma situação semelhante, tornou-se delator após uma negociação que parecia impossível, revelando os mandantes do assassinato de Marielle Franco.
Vale ressaltar que a prisão de Braga Netto aumenta a pressão sobre outros generais para que considerem a delação, a fim de mitigar as penas que podem enfrentar se forem condenados. Nesse contexto, o general Mario Fernandes surge como um nome em potencial para delatar, sendo suspeito de envolvimento em um grupo que planejava o assassinato de figuras políticas como Lula (PT) e Alckmin.
Os detalhes sobre encontros que Fernandes teve com Bolsonaro podem ser cruciais. O general já declarou que o presidente teria mencionado que "qualquer ação" poderia ocorrer até 31 de dezembro, levantando sérias questões sobre a comunicação entre eles e se haveria qualquer documentação relacionada a planos golpistas com a assinatura do ex-mandatário.
O advogado de Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, categoricamente nega que o general esteja considerando a delação premiada.
No Supremo Tribunal Federal (STF), a situação é uma preocupação crescente. Ministros ouvidos demonstraram estar surpresos com a extensão e a gravidade das investigações conduzidas pela Polícia Federal. As ações da família Bolsonaro, embora esperadas, revelaram um número alarmante de generais e militares envolvidos em atividades criminosas, incluindo planos de assassinato. Um ministro chegou a comparar o comportamento dos acusados a organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho.
A situação está evoluindo rapidamente e o desdobramento deste caso promete agitar ainda mais o cenário político e militar do Brasil.