O alerta de especialistas não poderia ser mais claro: a combinação de redes sociais e videogames está criando uma epidemia de vícios que pode ser tão devastadora quanto o uso de substâncias ilícitas. O psiquiatra Rodrigo Machado explica que a utilização de plataformas digitais por casas de apostas é um fator crucial nessa nova dinâmica.

A Perigosa Conexão com o Cérebro

Machado destaca que as redes sociais, já repletas de elementos fáceis de defesa, se tornaram ferramentas ideais para capturar a atenção de jovens e adultos em potencial. Os mecanismos que tornam essas plataformas tão atraentes frequentemente imitam os jogos de azar, criando um ciclo vicioso de gratificação.

"As tecnologias de hoje, principalmente os smartphones, podem ser tão viciantes quanto drogas pesadas, dependendo do uso e da predisposição do usuário. Estamos vendo um aumento no número de pessoas que se tornam dependentes de jogos e redes sociais", afirma.

A Gratificação Instantânea e o Efeito das Redes Sociais

Um exemplo claro disso é a maneira como o Instagram introduziu a lógica de roletas nas interações diárias. Cada vez que os usuários arrastam a tela, eles esperam pela 'premiação' de curtidas ou comentários, substituindo a emoção de um jogo de azar pela validação social.

Com o passar do tempo, as expectativas aumentam, assim como as necessidades de aprovação que, por sua vez, levam à dependência. "É como se estivéssemos alimentando um vício que se intensifica com cada interação", comenta Machado.

Jogos Convencionais e a Normalização das Apostas

O psiquiatra observa que as dinâmicas de jogos de azar estão cada vez mais presentes em jogos convencionais, como a popular franquia FIFA. Embora o jogador não aposte diretamente dinheiro para ganhar mais dinheiro, a compra de skins e itens dentro do jogo tem mostrado uma correlação preocupante com tendências a jogos de azar.

"A linha entre entretenimento e vício está se tornando cada vez mais tênue, e muitos jogadores não percebem o perigo que isso representa", alerta.

O Brasil Está Preparado para a Legalização das Apostas?

Com a previsão de que o Brasil legalizará muitos jogos de azar até 2025, a realidade é alarmante. Cerca de 9% da população mundial já reporta algum tipo de vício relacionado a apostas. Somente em 2023, o Brasil viu um aumento expressivo no número de usuários engajados em apostas online, uma consequência direta da combinação de redes sociais, jogos e a acessibilidade proporcionada pelos smartphones.

"Infelizmente, o país ainda não está preparado para lidar com o número crescente de dependentes. A conscientização e a educação sobre esse tema precisam ser priorizadas, e é fundamental que influenciadores digitais sejam impedidos de promover essas práticas", afirma Machado.

Uma Questão de Prioridade na Educação

Machado ainda critica a utilização dos smartphones nas escolas, argumentando que há poucas evidências de que o uso dessas tecnologias contribua positivamente para o aprendizado. "Temos que ser cautelosos. Minha filha só vai ter celular aos 14 anos", diz o psiquiatra, enfatizando a necessidade de proteger as futuras gerações de uma epidemia de vícios que poderia ser prevenível.

O cenário é preocupante e chama a atenção para a urgente necessidade de estratégias de intervenção e educação. *Você está preparado para essa realidade? Confira nosso próximo artigo para entender melhor os efeitos e como se proteger!*