Mundo

Rejeição a Milei explode na Argentina em meio a crise social e negociações com o FMI

2025-03-23

Autor: Pedro

A rejeição ao presidente argentino Javier Milei atingiu níveis alarmantes, com 58% da população expressando contrariedade às medidas de seu governo, segundo um estudo da consultoria Zuban Córdoba. O levantamento, que será oficialmente divulgado neste domingo, ilustra o crescente desgaste da gestão libertária em um momento crítico de tensões sociais, caracterizado por episódios de repressão institucional e incerteza econômica.

De acordo com Gustavo Córdoba, diretor da consultoria, apenas 41% da população aprovam a administração atual. "Os dados refletem uma situação dramática, exacerbada por uma crise econômica persistente e pelo aumento da insegurança. A economia não melhorou, e os problemas de rendimentos e do poder de compra continuam sem solução", declarou. Ele ressaltou que a insegurança, que antes era secundária, agora se iguala à inflação como a principal preocupação dos argentinos. "O governo fala muito sobre isso, mas não toma atitudes efetivas; culpa os outros, mas não age", criticou.

Um episódio emblemático foi a repressão violenta no Congresso Nacional durante protestos contra a chamada 'Lei Ómnibus', que concede amplos poderes ao Executivo. Actos de violência, amplamente divulgados nas redes sociais e na mídia internacional, aumentaram a percepção de um governo autoritário sob a liderança de Milei.

Além da crise social, Milei enfrenta desafios econômicos significativos. As negociações para um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão longe de garantir estabilidade. O economista-chefe da Fundação FIEL, Daniel Artana, alertou que mesmo um novo desembolso do FMI não pode sustentar indefinidamente o atual modelo cambial. Ele afirmou: "A verba do FMI não resolverá o atraso cambial para sempre; em algum momento, será necessário corrigir isso. Com um acordo, essa correção será mais ordenada, mas é inevitável".

Artana também definiu a recente valorização do dólar no mercado paralelo como um "chispazo" — uma faísca que pode se repetir, dado o estado frágil da moeda. "É comum que o Banco Central perca reservas no mercado oficial. Quando a diferença entre as taxas de câmbio aumenta, as pessoas tentam limitar perdas, o que intensifica a pressão sobre as reservas e gera necessidade de intervenções nos mercados alternativos".

Neste contexto, Gustavo Córdoba questionou sobre a viabilidade política do governo até abril, mês em que se espera um novo desembolso do FMI: "Não sei como o governo irá aguentar até lá". A dificuldade para aprovar reformas, a perda de apoio entre setores da população e o crescente descontentamento nas ruas criam um cenário explosivo para Milei, que chegou ao poder prometendo "dinamitar" o sistema, mas enfrenta resistência crescente a sua agenda de ajustes drásticos e retórica autoritária. O que será necessário para Milei reverter essa tendência antes que seja tarde demais? O tempo está se esgotando!