Repórter da TV Record Enfrentou Câncer aos 32 Anos e Revela: 'Médica Disse que Eu Era Azarada!'
2024-12-09
Autor: Mariana
Marcela Varasquim, repórter da TV Record, viveu um dos momentos mais desafiadores de sua vida durante a passagem de ano de 2021 para 2022. Deitada na cama, chorando, ela escutava os fogos de artifício à distância, sem saber o que o futuro lhe reservava. Acabara de receber o diagnóstico de câncer de mama. "Foi inesquecível. Eram tantas incertezas. Pensava: Será que este será o último ano da minha vida?", desabafa.
Naquela época, Marcela não tinha consciência do estágio da doença, já que estava no período de recesso dos consultórios médicos. A espera pela consulta que poderia dar mais informações foi angustiante. "Meu mundo caiu. Fiquei incrédula em imaginar que eu estava com câncer", relembra.
Após quase três anos desde o diagnóstico, aos 35 anos, a jornalista celebra o momento em que seu câncer entrou em remissão – quando não há mais sinais do tumor. Marcela compartilha sua jornada desde a descoberta até o tratamento, que envolve bloqueio hormonal.
"A primeira coisa que perguntei foi se iria sobreviver"
Em 2021, ao sentir um nódulo no seio esquerdo, Marcela inicialmente não se preocupou. "Minha saúde sempre foi de ferro, nunca tive histórico de câncer na família." Porém, a insistência de seu namorado, que hoje é seu marido, a levou a buscar ajuda médica. "Eu estava certa de que não era nada grave", conta.
Na consulta, após um ultrassom que levantou suspeitas, veio a confirmação: "Era carcinoma mamário invasivo." "Quando vi o resultado, minha mão começou a tremer. Fui procurar no Google na hora, e a primeira coisa que apareceu foi câncer de mama. Meu mundo desabou."
Ela lembra da angústia e do medo. "Quando contei ao meu então noivo, estava em prantos. Consumi um tempo angustiante até conseguir uma consulta médica, e a primeira pergunta que fiz foi se eu iria sobreviver."
"Foi difícil me olhar no espelho sem cabelo"
Marcela passou por 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia. Para combater a disseminação do câncer nas axilas, foi necessário realizar o esvaziamento dos linfonodos. Além disso, ela optou pela mastectomia do seio direito e pela colocação de silicone na mesma cirurgia. "A recuperação foi muito difícil, mas eu queria voltar ao trabalho."
Raspar o cabelo, um momento emblemático, foi uma experiência dolorosa para Marcela. "Meu trabalho é na TV, e a aparência conta muito. Me olhar no espelho sem cabelo foi desafiador. Entretanto, descobri uma força interior que não sabia que tinha." Essa fase dolorosa se tornou um divisor de águas em sua vida, permitindo que ela refletisse sobre si mesma e sobre suas prioridades.
"Médica disse que eu era azarada"
Quando começou a quimioterapia, Marcela questionou os médicos sobre os efeitos colaterais. "Disseram que, por eu ser jovem e ativa, meu corpo suportaria bem." Porém, a primeira quimioterapia foi uma verdadeira luta. "Fiquei totalmente debilitada. Não conseguia nem levantar da cama."
Ao consultar um médico de plantão, a médica comentou sobre ter 'azar' por estar sentindo tantos sintomas. Essa frase a abalou. "Senti que era mais uma carga a carregar. Não apenas estava lidando com o câncer, mas também com essa ideia de ser azarada."
Em busca de apoio emocional, Marcela navegou pelo Instagram até encontrar Jakeline, uma mulher de Juiz de Fora que passava pela mesma situação. "Descobri que não estava sozinha. Ela tinha os mesmos sintomas que eu."
"Vivo menopausa induzida"
Depois de sete meses de tratamento, Marcela entrou em remissão e começou um bloqueio hormonal em outubro de 2022, usando medicamentos injetáveis e orais. "De repente, entrei na menopausa aos 32 anos. Meu corpo mudou drasticamente."
Ela admite que o primeiro ano de tratamento foi desgastante. "Senti uma mistura de cansaço extremo, desânimo e, por vezes, depressão, além de dores pelo corpo." Apesar disso, ela voltou ao trabalho e começou a notar o crescimento do cabelo. "Quem olhava de fora não percebia a batalha interna que eu ainda enfrentava."
Marcela destaca que o tratamento do câncer não se limita apenas à quimioterapia. "Continua e traz efeitos colaterais intensos, mesmo quando as pessoas pensam que você já superou."
Entenda o tratamento de Marcela
Profissionais da saúde apontam que o câncer de mama pode estar relacionado à exposição aos hormônios femininos. "Cerca de 65% a 75% dos casos estão ligados a essa expressão hormonal", comenta Larissa Muller Gomes, oncologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
"Para tratar, o bloqueio dos hormônios é essencial e pode durar entre cinco a dez anos." Marcela, por exemplo, deverá seguir esse tratamento por sete anos. Os efeitos da menopausa induzida têm sido desafiadores, mas a repórter se mantém firme em sua luta: "Estou buscando viver minha vida plenamente e fazer cada momento valer a pena."
Com um olhar esperançoso, Marcela prova que a vida continua e que, mesmo após a tempestade, é possível encontrar a luz.