Revolução na Saúde: IA Identifica Sinais de Violência Contra Mulheres Antes que Seja Tarde Demais!
2024-12-21
Autor: Matheus
Um estudo surpreendente realizado em Recife (PE) revela que mulheres vítimas de violência demonstram um padrão de visitas às unidades de saúde que pode antever um agravamento da situação, ocorrendo até 92 dias antes de ferimentos graves ou até mesmo morte. Esses alertas incluem queixas frequentes sobre saúde mental e sinais físicos de agressão, uma chamada de atenção para a sociedade.
A pesquisa, conduzida pela Vital Strategies em colaboração com a FrameNet Brasil, analisou mais de 13 mil prontuários médicos ao longo de uma década para detectar esses importantes sinais de alerta. Usando inteligência artificial e análise semântica, o estudo cruzou dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e prontuários eletrônicos, proporcionando uma nova perspectiva para a identificação antecipada de casos de violência.
O Sinan, gerido pelo Ministério da Saúde e secretarias de saúde diversas, exige notificação obrigatória de todos os casos de violência contra mulheres. Uma análise chocante mostrou que em 60% dos feminicídios, a morte ocorreu apenas 30 dias após um aviso prévio de violência no sistema.
A pesquisadora Sofia Reinach da Vital Strategies ressalta a importância da atenção básica na saúde, onde muitas mulheres buscam ajuda antes de se tornarem vítimas fatais. “Precisamos entender o que acontece nas visitas à saúde básica em relação à violência,” afirma.
Notavelmente, apenas 19,5% das notificações de violência contra mulheres no Sinan provêm da atenção básica; a maioria é reportada por hospitais. Reinach enfatiza que atrasos nas notificações são oportunidades perdidas para prevenir consequências graves.
Um estudo paralelo em Goiânia (GO) revelou que as mulheres que tiveram suas situações de violência devidamente registradas apresentaram uma redução média de 60% no risco de morte. Isso demonstra claramente a eficácia do reconhecimento prévio da violência.
Os pesquisadores também tiveram cuidado ao anonimizar dados sensíveis para garantir a privacidade das vítimas. A análise das manifestações emocionais durante consultas, como crises de ansiedade, resultou na formação de uma base robusta para treinar a inteligência artificial.
Curiosamente, enquanto mulheres vítimas de violência apresentaram cuidados médicos significativamente diferentes das não vítimas, suas condições de saúde crônicas frequentemente foram minimizadas, sugerindo uma complexa relação entre as experiências de violência e a percepção de saúde. A violência sexual, muitas vezes cometida por familiares ou pessoas próximas, foi identificada como a forma mais comum de agressão entre as notificações registradas.
A assistente social Maria das Graças Ferreira destaca que muitos casos de violência são sutis e começam de forma velada, como agressões psicológicas que destroem a autoestima da mulher. A dinâmica desse ciclo de violência exige um olhar atento não apenas dos profissionais de saúde, mas também de toda a sociedade.
Com base nessas descobertas, a secretária de saúde de Recife, Luciana Albuquerque, planeja estratégias para capacitar os profissionais de saúde a lidarem com denuncias de maneira mais efetiva, ajudando as mulheres a buscar apoio mais cedo. Uma nova iniciativa promete criar um painel que mapeia as áreas com maior subnotificação de casos de violência, permitindo uma abordagem direcionada e eficaz.
O estudo representa não apenas uma esperança para as mulheres em situações de risco, mas também um passo essencial para a sociedade brasileira enfrentar a alarmante epidemia de violência de gênero. Com as ferramentas certas e intervenção precoce, é possível mudar o curso de muitas vidas.