Para quem sofre de anafilaxia, a caneta de adrenalina autoinjetável é mais do que um tratamento: é uma questão de sobrevivência. Contudo, a realidade é dura para muitos brasileiros, que precisam importar esse dispositivo essencial por preços que podem ultrapassar R$ 5 mil.

A situação é ainda mais complicada, com médicos recomendando que os pacientes tenham duas canetas à mão, dado que cada uma possui validade de apenas um ano. É um custo alto para quem já lida com um problema grave de saúde.

Mas há esperança! Durante o 51º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, realizado recentemente em Salvador, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apresentaram a primeira caneta de adrenalina autoinjetável desenvolvida no Brasil. Se aprovada pela Anvisa, a produção do dispositivo poderá começar em cerca de 11 meses e custará cerca de R$ 400, uma mudança significativa de preço.

A alergista e imunologista Milena Pandolfi esclarece que, embora o protótipo já tenha sido apresentado, ainda existem etapas significativas a serem cumpridas antes da aprovação final. Um dos desafios, segundo ela, é garantir que a adrenalina mantenha sua eficácia em condições adversas, especialmente considerando o clima quente do Brasil.

"É crucial que este protótipo seja capaz de proteger a medicação de altas temperaturas e exposição à luz, pois isso pode comprometer sua potência. A caneta também precisa ser fácil de usar para o paciente," afirma Pandolfi, que enfatiza a importância de garantir a segurança dos usuários.

A especialista Larissa Perim destaca que, se a caneta for aprovada, ela revolucionará a vida de muitos alérgicos, permitindo a gestão de suas condições de forma mais eficaz e segura. "Com a caneta autoinjetável, as pessoas poderão viver com mais liberdade, sem o medo constante de uma reação alérgica severa fora do ambiente hospitalar," diz Perim.

Fique informado sobre a anafilaxia: essa reação alérgica extrema pode ser fatal se não tratada rapidamente. Os gatilhos são diversos, incluindo alimentos, medicamentos e picadas de insetos. Os sintomas incluem dificuldades respiratórias, pressão arterial baixa e erupções cutâneas.

Atualmente, as canetas autoinjetáveis disponíveis no mercado não são comercializadas no Brasil, obrigando os pacientes a recorrer à importação, um fator que aumenta ainda mais a pressão sobre os orçamentos familiares. Caso a Anvisa aprove a nova caneta desenvolvida pela UFRJ, a saúde e o bem-estar de milhões de brasileiros alérgicos podem mudar para melhor.

Essa inovação não só promete um acesso mais acessível e seguro à adrenalina como também poderá ser integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS), colocando essa nova ferramenta nas mãos de quem mais precisa.

Além disso, com o aumento alarmante no número de casos de alergias nos últimos anos, a aprovação dessa caneta poderia ser vista como uma resposta a uma crise crescente de saúde pública. Estudos indicam que fatores genéticos e ambientais, incluindo a redução do contato com vírus e bactérias e a exposição a microplásticos, podem estar contribuindo para esse aumento.

A luta contra a anafilaxia e outras doenças alérgicas está apenas começando, e a nova caneta de adrenalina pode ser a chave para trazer alívio e segurança para milhares de brasileiros.