Nação

São Paulo Tem Recursos Para Enterrar Fiação, Mas Prioridades Faltam

2024-10-15

Autor: Gabriel

A discussão sobre a subterraneização da fiação em São Paulo é um tema bastante pertinente e técnico, e mais do que possível, é altamente desejável. Cidades ao redor do mundo já adotaram essa prática, que melhora a estética urbana e aumenta a segurança. Em São Paulo, existe uma legislação que determina que novos loteamentos devem ter fiação enterrada, mas a falta de prioridade na gestão urbana impede que essa medida seja aplicada de forma abrangente.

O urbanista Nabil Bonduki mencionou que essa não seria a primeira vez que a cidade realizaria obras para enterrar a fiação. Ele citou exemplos históricos, como as intervenções durante a construção do corredor de ônibus na Avenida Rebouças, na gestão de Marta Suplicy, e as modernizações na Avenida Paulista. Esses casos mostram que a infraestrutura é viável, mas a questão essencial é a consciência e a prioridade política para implementá-la.

Com a crise climática provocando eventos extremos mais frequentes, como chuvas intensas e ondas de calor, a capacidade de São Paulo em manter a energia elétrica após tempestades torna-se cada vez mais incerta. É crucial que a Prefeitura utilize os recursos disponíveis para um planejamento a longo prazo e não apenas para atender demandas imediatas, especialmente considerando o próximo verão.

Além disso, é importante ressaltar que as áreas arborizadas da cidade, que contribuem para o equilíbrio climático, são também as mais vulneráveis a quedas de árvores sobre os fios. Essa é uma questão de desigualdade territorial, já que a periferia, carecendo de arborização, enfrenta repercussões muito mais severas em casos de desastres. Eventos trágicos nas periferias frequentemente recebem menos atenção e mobilização da sociedade em comparação a incidentes em regiões mais privilegiadas, como Morumbi e Pinheiros. Portanto, é imprescindível repensar as estruturas urbanas, levando em conta essa disparidade.

Este é um momento propício para a cidade de São Paulo lidar com essas questões, priorizando o enterro da fiação não apenas como uma melhoria estética, mas como uma verdadeira necessidade urbana.