Tecnologia

Satélites da Starlink 'cegam' telescópios e ameaçam o futuro da astronomia

2024-10-02

Cientistas alertam que os novos satélites de segunda geração da Starlink estão emitindo radiação que causa uma interferência 32 vezes maior do que os modelos da primeira geração. Essa nova onda de poluição radioelétrica representa um grande risco para observações astronômicas críticas.

Histórico de Interferências

Os primeiros satélites da Starlink já levantaram preocupações em 2022, quando a radiação emitida começou a interferir nas pesquisas astronômicas. Benjamin Winkel, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, comentou que essa interferência está "literalmente cegando" os telescópios. Embora a Starlink tenha feito esforços para reduzir a intensidade dos satélites mais antigos, a nova geração parece ter exacerbado o problema.

Impacto nos Radiotelescópios

Winkel explica que a situação é tão grave que a radiação dos satélites está saturando os radiotelescópios, dificultando a detecção de sinais de interesse astronômico em meio a tanto ruído eletrônico. A Astron, uma organização dedicada à pesquisa astronômica, expressou preocupações com os números crescentes de satélites que podem chegar a 100 mil até 2030. Com o aumento de nove vezes no número de satélites de baixa altitude em órbita, a capacidade dos astrônomos de realizar observações precisas será severamente comprometida.

"Meus colegas estão realmente assustados com o futuro", disse Winkel. "Se quisermos observar o céu de maneira adequada, mudanças significativas precisam ser feitas."

Desafios para a Observação Astronômica

As novas descobertas, publicadas na renomada revista Astronomy & Astrophysics, evidenciam que a poluição radioelétrica está se somando à interferência de outras fontes na Terra, como torres de celular, levando à redução da sensibilidade dos radiotelescópios. Além disso, telescópios ópticos também podem ser afetados, já que a luz refletida por milhares de satélites pode criar "manchas" nas imagens, arruinando dados valiosos.

Como Prevenir um Apagão Astronômico?

As emissões de rádio no solo estão sujeitas a regulação por órgãos como a União Internacional de Telecomunicações, mas no espaço a situação é muito diferente. A falta de regulamentação adequada para as operadoras de satélites deixa a comunidade científica vulnerável. Enquanto a Starlink fez algumas alterações em sua primeira frota, as emissões da nova geração precisam ser abordadas urgentemente.

A SpaceX, responsável pela Starlink, declarou em agosto que está empenhada em desviar as emissões de rádio do alcance dos telescópios e mantém os canais de diálogo abertos com instituições de radioastronomia ao redor do mundo. Contudo, a DW não obteve retorno da SpaceX sobre a avaliação da nova frota.

Concorrência no Espaço

Vale ressaltar que a Starlink não é a única responsável por essa crise astronômica: a OneWeb possui cerca de 630 satélites ativos, enquanto o projeto Kuiper da Amazon, embora tenha apenas dois satélites lançados, está planejando uma grande expansão. O futuro da astronomia depende da colaboração entre as empresas de tecnologia espacial e as comunidades de pesquisa, algo que se torna cada vez mais urgente frente aos desafios atuais.