Saúde

Semaglutida para emagrecimento: 'Injetei Ozempic pirata em mim e pensei que ia morrer'

2024-11-28

Autor: Julia

'Injetei Ozempic pirata em mim e pensei que ia morrer'

Uma jovem de 24 anos do Reino Unido, Paige Roberts, passou por uma experiência aterrorizante após se automedicar com medicamentos para emagrecimento adquiridos de forma ilegal. Depois de aplicar uma injeção de uma substância conhecida como semaglutida, um medicamento normalmente utilizado no tratamento de diabetes, ela teve que ser hospitalizada, temendo por sua vida.

Roberts, que trabalha como assistente de saúde em Llandudno, País de Gales, estava em busca de soluções para perder peso, após seu médico sugerir que isso poderia ajudá-la a regular seu ciclo menstrual, que havia sido afetado pela síndrome dos ovários policísticos. Com um peso de 82 kg e índice de massa corporal (IMC) de 28,5, Roberts não se qualificava para receber medicação para emagrecimento pelo NHS, o sistema de saúde pública britânico.

Ao invés disso, ela encontrou uma maneira de obter o medicamento ilegalmente nas redes sociais, adquirindo quatro seringas por cerca de 80 libras esterlinas (aproximadamente R$ 605), com instruções de uso para aplicar uma injeção por semana. No entanto, os efeitos colaterais foram severos e incluíram náuseas e vômitos persistentes. Apenas 48 horas após a primeira injeção, Roberts procurou atendimento médico, onde os profissionais a informaram que muitas outras pessoas também eram internadas devido ao uso de medicamentos para perda de peso obtidos no mercado negro.

"Eu achava que estava morrendo de desidratação, porque nada ficava no meu estômago", relatou Roberts, que precisou de cuidados intensivos para recuperação.

Os médicos do Hospital Glan Clwyd, onde Roberts foi tratada, confirmaram que o uso de substâncias obtidas ilegalmente é uma prática comum entre aqueles que desejam emagrecer rapidamente. Esse tipo de medicamento, além de não ser regulamentado, pode muitas vezes conter anfetaminas e outras substâncias perigosas.

A ingestão de medicamentos sem supervisão médica é uma prática que preocupa especialistas. O Colégio Real de Clínicos Gerais do País de Gales reiterou que a melhor abordagem para perda de peso envolve dietas saudáveis e atividade física, e que a compra de medicamentos online sem prescrição é extremamente arriscada.

Além disso, o secretário de Saúde do Reino Unido, Wes Streeting, destacou que, embora medicamentos como semaglutida, disponíveis sob as marcas comerciais Ozempic e Wegovy, tenham mostrado eficácia quando acompanhados de hábitos saudáveis, o uso sem acompanhamento médico pode resultar em sérias complicações.

A semaglutida é administrada através de injeções e sua venda sem receita médica é proibida. Apesar disso, seu acesso em supermercados, farmácias e clínicas particulares tem crescido, com preços que podem variar de 200 a 300 libras (R$ 1,5 mil a R$ 2,2 mil).

Os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, inchaço e até complicações mais graves, como problemas renais, sinalizam a necessidade de cautela. Especialistas alertam que o abuso desses medicamentos é comum entre aqueles que buscam soluções rápidas para emagrecer, sem considerar os riscos à saúde.

Roberts pediu que sua experiência sirva de alerta a outros. Influenciadores nas redes sociais muitas vezes não mostram os efeitos negativos do uso de tais substâncias, criando uma falsa impressão de segurança e eficácia. Ela frisou que é "fácil demais" obter injeções sem qualquer aconselhamento profissional e que é crucial consultar um médico antes de tomar decisões que possam impactar drasticamente a saúde.

A procura por soluções rápidas para emagrecimento e alívio de desconfortos é um tema recorrente na sociedade atual, mas é importante que as pessoas se mantenham informadas e cautelosas em relação ao que consomem.