A Sephora, uma rede mundial de lojas pertencente ao grupo LVMH, famosa por oferecer marcas renomadas de cosméticos, está sob fogo cruzado após milhares de consumidores brasileiros afirmarem que foram lesados durante a Black Friday do ano passado. O descontentamento aumentou de forma alarmante, com mais de 18 mil queixas registradas no site Reclame Aqui apenas no segundo semestre de 2022, a maior parte delas relacionadas ao evento promocional tão esperado.

Clientes que fizeram compras no site oficial da Sephora durante este período não apenas não receberam os produtos adquiridos, como também não obtiveram estornos pelos valores pagos. A empresa, por sua vez, se desculpou, alegando dificuldades em sua logística que comprometeram o atendimento. No entanto, as explicações parecem não ser suficientes para acalmar os ânimos dos consumidores insatisfeitos.

O que se observa é um padrão preocupante nas reclamações: entregas incompletas e cancelamentos de pedidos sem qualquer aviso prévio. Carolina Lins Coutinho, psiquiatra do Rio de Janeiro, relatou que fez duas compras, totalizando R$ 971, mas recebeu apenas um dos itens. Iana Letícia Soares, arquiteta de Fortaleza, compartilhou sua decepção após comprar produtos que simplesmente não chegaram, e além disso, não conseguia acessar o crédito prometido pela loja após cancelamentos de compras.

A insatisfação se estende para outras partes do Brasil, como demonstrado por relatos de Fernanda Romano, que fez uma compra significativa em dezembro e não recebeu nada. A frustração gerou um grande movimento nas redes sociais, onde a hashtag #CadêMeuProduto se tornou viral, com clientes indignados questionando a empresa sobre o paradeiro de seus pedidos.

Outro dado alarmante vem do Procon-SP que registrou um aumento de mais de 900% em reclamações contra a Sephora em comparação com o ano anterior, com 1.417 queixas apenas em 2024. Multas de até R$ 13 milhões poderiam ser aplicadas caso a situação não se normalize. Especialistas em direito do consumidor alertam que os clientes têm o direito de exigir não apenas o ressarcimento, mas também indenizações por danos morais, com muitas das compras qualificadas como presentes de Natal.

O advogado Igor Marchetti enfatiza que os consumidores estão enfrentando uma verdadeira 'Black Fraude' e podem buscar reembolso ou compensação dos valores pagos, além de estarem no seu direito de escolher produtos em outras lojas. Irônico é que muitos clientes ainda estão correndo atrás de soluções legais para suas queixas, enquanto a Sephora tenta contornar a situação com comunicados oficiais, os quais não têm sido suficientes para reverter a imagem da marca, que agora ostenta o selo de "Reputação Não Recomendada" no Reclame Aqui.

A Sephora, por meio de nota, reafirma que está buscando resolver os problemas e reembolsar os clientes, mas a dúvida sobre a eficácia dessa resposta continua a pairar no ar enquanto os consumidores anseiam por seus produtos e compensações justas. O que antes era uma marca sinônima de beleza e qualidade, agora se vê envolvida em um mar de insatisfação e desconfiança.