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'Shoppings abandonados' se tornam monumentos do fim de uma era

2025-01-12

Autor: Lucas

'Shoppings abandonados' se tornam monumentos do fim de uma era

Uma das experiências mais curiosas e assustadoras da internet é explorar os perfis de "shoppings abandonados". Existem pessoas que documentam, com vídeos e fotos, o interior desses centros de compras que faliram, transformados em ruínas do que um dia foram grandes palácios do consumo. Muitos enfrentaram a dura concorrência do comércio online, que revolucionou a maneira como as pessoas fazem compras.

Um "shopping abandonado" serve como um símbolo do declínio do que costumava ser o chamado terceiro lugar na vida social. Se a casa representa o primeiro lugar e o trabalho o segundo, o terceiro lugar refere-se aos espaços de convívio social: cafés, livrarias, parques e, claro, shoppings. Esses locais sempre foram uma solução imperfeita para a socialização, e quando fecham suas portas, tornam-se mausoléus da cultura do consumo.

Esse fenômeno, que cresceu nas redes sociais, agora também encontra seu caminho na Ásia. Após anos de crescimento econômico acelerado, os shoppings começam a sucumbir à nova realidade do mercado.

Na China, onde em 2022 havia cerca de 6.700 shoppings, a situação se agravou com a inauguração de mais 400 em 2023. Hoje, muitos desses estabelecimentos lutam para se manter, e um shopping é considerado em estado terminal quando menos de 40% de sua área está ocupada. O desafio é reinventar esses espaços, buscando novas atividades que possam atrair o público.

Um exemplo interessante é o complexo INS, localizado em Xangai, que com seus 7 andares decidiu inovar. O lugar agora abriga 12 boates, diversos restaurantes, arenas para esportes digitais (esports), um clube de comédia e uma variedade de projetos de entretenimento. A entrada custa cerca de US$ 50, que dá acesso a todas as atividades.

O empresário Dickson Sezto, que trouxe marcas como Zara e Sephora para a China, afirmou: "Atualmente, é preciso oferecer experiências que promovam conexões sociais. Somente assim seremos capazes de atrair as novas gerações".

Em Singapura, a situação é semelhante. O famoso Haw Par Villa, que era um destino turístico popular, agora se transformou. O local foi reinventado, incluindo espaços dedicados ao terror, como experiências imersivas e um grande escape room, além de restaurantes com temas assustadores.

Recentemente, o autor Ted Gioia fez uma analogia entre os shoppings abandonados e as redes sociais, sugerindo que ambas estão passando por um processo de uniformização. Com a falência da ideia de formar comunidades, as redes sociais se tornaram plataformas de entretenimento superficial, perdendo o foco em conexões genuínas entre as pessoas.

Assim como os shoppings, as redes sociais parecem estar se transformando em espaços sem alma, que buscam apenas a atenção dos usuários por meio de conteúdo cada vez mais homogêneo e viciado, seguindo tendências como os vídeos curtos do TikTok. Fatos como esses levantam questões sobre o futuro das interações sociais em um mundo onde o digital se impõe sobre o físico.