Em um movimento audacioso, a SLC Agrícola consolidou sua posição de mercado ao adquirir R$ 913 milhões em terras de uma subsidiária da Mitsui, a Agrícola Xingu, totalizando 48 mil hectares. A estratégia é sacrificar resultados a curto prazo visando um crescimento sustentável a longo prazo.

Embora a transação tenha sido vista como um investimento estratégico, as ações da SLC caíram 3,4% após a notícia, com os papéis sendo negociados a R$ 18. Esse impacto no mercado gera questionamentos sobre a continuidade e eficácia da sua estratégia de expansão.

Recentemente, a SLC havia arrendado 63 mil hectares e expressou intenção de continuar adquirindo terras, o que poderá facilitar novos arrendamentos no futuro. Analistas do setor mencionam que essa movimentação sinaliza uma estratégia proativa em um mercado em queda: "A SLC está disposta a investir pesado agora para se beneficiar quando o mercado se recuperar, garantindo sua posição em uma fase favorável do ciclo agrícola", afirmaram.

Os valores pagos por hectare na Fazenda Paladino, na Bahia, e na Fazenda Pamplona, em Minas Gerais, foram, respectivamente, R$ 32,9 mil e R$ 36,2 mil. O interessante é que esses valores representam um desconto de cerca de 40% em relação ao portfólio da SLC, segundo o Bradesco, e são consideravelmente inferiores aos preços médios das terras na região, que variam de 34% a 50% a menos.

A visão do BTG Pactual é que essa aquisição é uma manobra anticíclica, posicionando a empresa para lucrar na próxima alta do ciclo de commodities. "Com essas novas terras, a SLC poderá se beneficiar de investimentos adicionais e aumentar sua rentabilidade futura", pontuou a equipe de análise.

Contudo, a pressão financeira não pode ser ignorada. A empresa enfrenta um compromisso de quase R$ 2 bilhões em M&As até 2026, o que pode exigir uma alavancagem adicional e impactar a geração de caixa. No final de 2024, a SLC tinha uma alavancagem de 1,8x EBITDA, o que está abaixo do guidance desejado de 2x.

Os analistas do BTG mantêm a recomendação de compra para as ações da SLC, com um preço-alvo de R$ 24, indicando uma valorização de 29%, enquanto o Bradesco adota uma posição neutra com um alvo de R$ 22, sugerindo um potencial de alta de 18%. No total, a companhia possui um valor de mercado de aproximadamente R$ 8 bilhões na Bolsa.

Em resumo, a SLC Agrícola demonstra um forte compromisso com sua estratégia de crescimento, mesmo em um período desafiador, o que pode fazer dela uma das principais escolhas para investidores atentos ao mercado agrícola.