Supremo Tribunal Federal decide manter crucifixos em prédios públicos: um marco na discussão sobre religião e cultura no Brasil
2024-11-25
Autor: Ana
Em uma decisão que reacendeu o debate sobre a laicidade do Estado e a presença da religião na vida pública, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou uma maioria contrária à retirada de crucifixos e outros símbolos religiosos de prédios públicos. O julgamento, realizado nesta segunda-feira (25/11), reafirma que a presença desses símbolos está profundamente enraizada na tradição cultural brasileira, indo além de uma mera manifestação religiosa.
O caso teve origem em uma ação proposta em 2009 pelo Ministério Público Federal, que questionava a legalidade da presença de tais símbolos em locais de grande visibilidade e atendimento ao público. Essa ação foi levada ao STF após o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) decidir que a permanência desses símbolos não fere o princípio da laicidade, mas sim reafirma a liberdade religiosa e o respeito à cultura nacional.
Em suas considerações, o relator do caso, ministro Cristiano Zanin, destacou que a presença de símbolos religiosos não infringe os princípios de não discriminação, laicidade e impessoalidade, desde que representem uma expressão legítima da tradição cultural. O ministro, ao lado de seus colegas Flávio Dino, Luiz Edson Fachin, André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, argumentou que o cristianismo, desde o período da colonização, tem sido uma força moldadora da sociedade brasileira, influenciando aspectos educacionais e morais.
Zanin enfatizou que crucifixos e outros símbolos cristãos não são apenas representações de uma fé, mas também reflexos da identidade cultural nacional, que permeia feriados, nomes de ruas e até mesmo a estrutura do nosso Estado. Segundo ele, a presença destes símbolos em espaços públicos não deslegitima a ação dos gestores ou compromete a imparcialidade das decisões judiciais.
Essa decisão do STF serviu como um forte testemunho da intersecção entre religião e cultura no Brasil, levantando questões importantes sobre como a história e a espiritualidade moldam a identidade nacional. Ao mesmo tempo, a discussão sobre a presença de símbolos religiosos em prédios públicos continua carente de entendimento e consenso, especialmente em um país tão diversificado em crenças e culturas.
A sessão virtual sobre o caso se encerrará nesta terça-feira (26/11), mas as repercussões dessa decisão deverão ecoar nas discussões sobre laicidade e pluralidade religiosa por um bom tempo. Afinal, como equilibrar a tradição cultural da sociedade brasileira com o respeito às variadas crenças que constituem o tecido social?