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Surpresa no mercado: Taxas dos DIs sobem após anuncio de isenção de IR pelo governo

2024-11-27

Autor: Maria

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram uma alta acentuada nesta quarta-feira, com contratos de prazos mais longos registrando um aumento próximo de 40 pontos-base, após a confirmação do governo sobre a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês, medida que será apresentada no pacote fiscal previsto para esta noite.

Essa decisão, que promete impactar a arrecadação do governo, contraria as expectativas do mercado, que aguardava cortes nas despesas. Diante disso, a curva de juros brasileira aumentou a probabilidade de que o Banco Central, na atual situação fiscal, será forçado a acelerar o aumento da taxa Selic, que está atualmente em 11,25% ao ano.

No fechamento do dia, a taxa do DI para janeiro de 2025 já estava em 11,564%, comparada a 11,508% do ajuste anterior. Para janeiro de 2027, o índice atingiu 13,63%, uma alta de 31 pontos-base em relação a 13,322% anteriormente.

Além disso, a taxa para janeiro de 2031 foi para 13,31%, superando 12,921% do ajuste anterior, enquanto o contrato para janeiro de 2033 ficou em 13,19%, um aumento de 39 pontos-base em relação a 12,803%.

A notícia da isenção foi inicialmente divulgada por veículos de imprensa com base em fontes anônimas, mas foi confirmada pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, durante uma coletiva de imprensa sobre dados de emprego. Ele mencionou que o pacote também abordará a taxação dos super-ricos e dos supersalários.

Essas declarações foram feitas antes de um pronunciamento sobre o pacote fiscal, programado para às 20h30, pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e também antes de uma reunião do presidente Lula com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

A expectativa predominante era que o pacote se concentraria em medidas de contenção de despesas. A proposta de isenção do Imposto de Renda, que na prática pode resultar em uma redução da arrecadação do governo, foi rapidamente vista pelo mercado como uma falta de responsabilidade fiscal.

Consequentemente, as taxas dos DIs, que já demonstravam alta ao longo da manhã, dispararam, com alguns contratos exibindo aumentos muito superiores a 40 pontos-base, gerando um clima de apreensão quanto ao controle das contas públicas.

Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, comentou: “O mercado já estava ansioso sobre o pacote. A expectativa era positiva, mas a notícia da isenção causou uma reação negativa imediata.”

Ao longo do último mês, já existia um clima de nervosismo entre os agentes financeiros pela demora no anúncio das medidas, que haviam sido prometidas para após o segundo turno das eleições municipais. A esperança era que o anúncio trouxesse alívio aos ativos brasileiros.

Por outro lado, uma fonte do governo expressou descontentamento com a inclusão da isenção de impostos no discurso a ser proferido à noite, afirmando que isso poderia ofuscar os impactos positivos das medidas de controle de despesas e dificultar as negociações no Congresso.

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará uma transmissão em rede nacional com uma duração prevista de 7 minutos e 18 segundos, às 20h30.

Com o fechamento do dia, a curva de juros brasileira já precificava uma probabilidade de 95% de aumento de 75 pontos-base na Selic no próximo mês, enquanto apenas 5% previam um aumento de 50 pontos-base, uma mudança significativa em relação aos percentuais anteriores de 73% e 27%.

Além deste turbilhão, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que o Brasil criou 132.714 empregos formais em outubro, abaixo da meta de 200.000 prevista por economistas. Enquanto isso, no exterior, os rendimentos dos Treasuries diminuíam em meio a preocupações sobre o crescimento econômico global. A vigilância sobre esses indicadores econômicos continua crucial, pois podem ter repercussões diretas sobre as taxas de juros e a economia brasileira.