Negócios

Tarifas Impertinentes: Empresários Preveem o 'Apocalipse' da Indústria nos EUA

2025-04-13

Autor: Mariana

Rick Woldenberg, CEO da Learning Resources, acreditava ter encontrado uma solução infalível para proteger sua empresa de brinquedos educativos, baseada em Chicago, das exorbitantes tarifas do presidente Donald Trump sobre produtos chineses. Quando anunciou uma tarifa de 20%, Woldenberg se preparou para resistir a uma possível elevação de até 40%.

No entanto, em uma reviravolta surpreendente, as tarifas subiram para 54% e, posteriormente, atingiram números alarmantes de 145%. Woldenberg prevê um aumento das tarifas de sua empresa, saltando de US$ 2,3 milhões no ano passado para impressionantes US$ 100 milhões em 2025. "Isso é como o fim dos dias", desabafou ele.

O Fim de uma Era de Produtos Baratos?

As tarifas podem sinalizar o fim de uma época de consumo acessível nos EUA. Por quatro décadas, os americanos passaram a depender da China para tudo, desde smartphones até enfeites de Natal. Embora o México e o Canadá tenham superado a China em importações nos últimos anos, o país asiático ainda é a terceira maior fonte de produtos.

Dados do banco de investimentos Macquarie revelam que a China fabrica 97% dos carrinhos de bebê, 96% das flores artificiais e 95% dos fogos de artifício importados pelos EUA. Antes de 2018, as tarifas eram extremamente baixas, com uma média de apenas 3%. Em contrapartida, os consumidores americanos estão viciados em preços baixos, o que gerou uma dependência das marcas e varejistas em relação à produção chinesa.

Um Cenário Caótico e Incerto

Trump, almejando trazer a fabricação de volta aos EUA, está utilizando tarifas como uma arma contra importadores e fábricas chinesas. As consequências disso podem ser apocalípticas, alertou David French, da National Retail Federation. O Laboratório de Orçamento da Universidade de Yale calcula que essas tarifas reduzirão o crescimento econômico dos EUA em 1,1 ponto percentual até 2025.

As expectativas de inflação também estão aumentando, com consumidores antecipando um impacto significativo nos preços. A pesquisa da Universidade de Michigan reporta que a inflação de longo prazo pode chegar a 4,4%.

Indústrias em Crisis!

Empresas estão alarmadas, não apenas pela magnitude das tarifas, mas pela velocidade com que elas estão sendo implementadas. Numa sequência de mudanças abruptas, as tarifas sobre a China chegaram rapidamente a 145%. O fabricante Isaac Larian, da MGA Entertainment, está tentando diminuir a dependência de produtos chineses, mas estima que os preços de brinquedos, como as bonecas Bratz e L.O.L., podem disparar drasticamente.

Larian também ressaltou que sua marca Little Tikes, que produz localmente, ainda depende de peças vindas da China, o que pode resultar em um aumento no preço dos brinquedos.

Mudanças nos Planos de Produção

Marc Rosenberg, fundador da The Edge Desk, estava prestes a iniciar a produção de cadeiras ergonômicas na China, mas decidiu adiar seus planos. Ele está explorando mercados alternativos, como Alemanha e Itália, para evitar as tarifas elevadas. Rosenberg também considerou a possibilidade de produção nos EUA, mas os custos seriam de 25% a 30% mais altos.

A Incertidão do Futuro

Para Woldenberg, a situação se tornou insustentável, com 60% de sua produção na China se tornando inviável de repente. Ele descreve o pedido de Trump para que as fábricas retornem aos EUA como uma ironia, afirmando que não encontrou fabricantes locais dispostos a colaborar. Sem mudanças nas tarifas, o futuro é sombrio para pequenas empresas e para uma base industrial que já está em risco devido ao colapso das parcerias com fornecedores chineses.

Woldenberg conclui, enfatizando que a busca por soluções não é tão simples quanto parece e que a indústria está em um abismo de incertezas.