Os tremores podem ser uma batalha diária para muitas pessoas, especialmente para os idosos. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 20% da população acima de 65 anos sofre de tremor essencial, uma condição que pode comprometer atividades do dia a dia e limitar hobbies simples. Para aqueles que enfrentam a doença de Parkinson, os tremores podem tornar tarefas cotidianas, como beber água, um grande desafio.

Infelizmente, nem todos respondem bem a tratamentos medicamentosos. A realidade é que muitos dos pacientes com tremor essencial permanecem à mercê dos sintomas, até recentemente, a única alternativa no Brasil era a cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS), que envolve a inserção de eletrodos no cérebro para normalizar os impulsos neuronais.

Agora, uma nova esperança surge com a chegada da tecnologia HIFU (Ultrassom Focado de Alta Intensidade) no Brasil. Diferente dos tradicionais exames de ultrassom, que captam imagens, o HIFU é um procedimento que utiliza ondas sonoras de alta frequência para criar microlesões precisas em neurônios disfuncionais. Esses microtraumas têm um efeito não invasivo, dando a possibilidade de reduzir os tremores em até 70% já na primeira sessão.

O dispositivo é projetado como um capacete que contém mais de mil transdutores de ultrassom, que trabalham combinados em um equipamento de ressonância magnética. Isso garante imagens em tempo real durante o procedimento, aumentando a segurança. Os pacientes permanecem acordados e participam ativamente, passando por testes neurológicos enquanto os médicos monitoram a eficácia do tratamento.

Polyana Piza, neurologista e gerente do Programa de Neurologia do Einstein, destacou que o procedimento é bastante inovador. A primeira lesão criada é reversível, permitindo que os médicos avaliem a resposta do paciente em tempo real antes de prosseguir. Em média, são realizadas três lesões no tálamo, área do cérebro responsável pelas funções motoras e sensoriais, aumentando assim a precisão do tratamento.

Os cuidados são intensos: os pacientes passam por rigorosas avaliações antes do tratamento, e a equipe, em parceria com especialistas em neuroimagem, utiliza tecnologia avançada para mapear estruturas cerebrais vitais e evitar qualquer risco durante o procedimento. O tratamento completo leva cerca de 1h30 e o paciente pode voltar para casa no mesmo dia.

É importante ressaltar que a indicação do HIFU abrange não apenas o tremor essencial, mas também os tremores associados à doença de Parkinson. Pacientes que, até então, dependiam de medicamentos sem efeito significativo relatam melhora notável após o tratamento. “A única maneira que eu tinha de aliviar os meus sintomas era me deitando e meditando”, afirmou um dos primeiros pacientes que se submeteu ao HIFU, relatando que, após uma semana, não sentiu mais os tremores que o obrigaram a buscar medicação.

Para o tratamento do tremor essencial, a novidade oferece uma alternativa promissora em comparação às opções tradicionais, que muitas vezes são ineficazes. Apesar de o Einstein ainda não ter divulgado o custo do procedimento, há planos de colaboração com o setor público, sugerindo que milhões de brasileiros que sofrem de tremores podem ter acesso a essa nova tecnologia em breve. Aguarde por novidades e transforme a sua vida!