Ciência

Tecnologia revolucionária com ultrassom elimina 70% dos tremores do Parkinson em uma única sessão

2025-03-28

Autor: Gabriel

Uma nova abordagem tecnológica está mudando a forma como lidamos com os sintomas do Parkinson. A técnica utilizando o HIFU (ultrassom focalizado de alta intensidade) já era conhecida por tratar problemas em órgãos como a próstata e miomas, mas agora se destaca no tratamento dos tremores associados a doenças neurológicas.

A inovação, desenvolvida pela empresa israelense Insightec, representada no Brasil pela Strattner, reúne anos de pesquisa e foi projetada para ser precisa ao atingir pontos específicos no cérebro, utilizando mil transdutores minúsculos dispostos em um capacete. Essa tecnologia é capaz de corrigir qualquer desvio na trajetória das ondas de ultrassom, garantindo que elas alcancem o VIM (núcleo ventral intermédio) no tálamo, conhecido por ser o foco dos tremores do Parkinson e do tremor essencial.

A segurança do procedimento é priorizada com a realização de uma tomografia computadorizada prévia para verificar a espessura do crânio do paciente. No entanto, segundo o Dr. Rodrigo Gobbo, diretor do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein, é muito raro que alguém seja desqualificado para a terapia por conta disso. Além disso, a ressonância magnética oferece imagens detalhadas, permitindo que os médicos sigam de perto a atividade do sistema nervoso central durante o tratamento.

Outra vantagem desta técnica é que o paciente permanece acordado durante todo o procedimento, permitindo testes reversíveis para garantir que as ondas de ultrassom estejam focadas corretamente. A neurologista Polyana de Toledo Piza explica que ao aumentar ligeiramente a temperatura, um teste simples pode ser realizado com o paciente, pedindo que ele desenhe formas, ajudando a averiguar a eficácia do tratamento em tempo real.

Atualmente, o Einstein é um dos poucos centros no mundo a combinar a tecnologia HIFU com um software de tratografia, que mapeia os feixes de neurônios responsáveis pelos movimentos. Isso aumenta tanto a eficácia quanto a segurança do procedimento, já que permite um planejamento cirúrgico mais personalizado.

Outro detalhe importante: o paciente precisa ter os cabelos raspados antes do procedimento, uma etapa que pode ser emocionalmente desafiadora, especialmente para mulheres. Isso é necessário para que as ondas de ultrassom não sejam desviadas pelos fios. Uma anestesia local é aplicada para minimizar o desconforto do paciente, especialmente na área onde o capacete é ajustado.

Os resultados iniciais são animadores. Pacientes com Parkinson podem experimentar uma redução de até 70% em seus tremores já na primeira sessão. Para aqueles que apresentam tremores bilaterais, o tratamento é realizado em uma mão de cada vez, com a possibilidade de repetir o procedimento após nove meses, quando o primeiro resultado já estiver consolidado.

Entretanto, o HIFU é atualmente indicado apenas para casos refratários de tremores essenciais, aqueles que não respondem aos medicamentos tradicionais. Com o avanço da tecnologia, espera-se que em breve novas aplicações do ultrassom na neurologia sejam desenvolvidas, como por exemplo, a criação de microfuros na barreira hematoencefálica, facilitando a entrega de medicamentos a áreas do cérebro que atualmente são de difícil acesso devido a esta barreira natural.

Essa técnica inovadora representa um grande passo na luta contra o Parkinson e outras condições neurológicas, e abre um leque de possibilidades que podem transformar a vida de milhões de pacientes ao redor do mundo.