Uma vida saudável é mais do que uma questão de estética; ela pode ser um verdadeiro escudo contra a depressão. Estudos comprovam que manter hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios, uma dieta equilibrada e relacionamentos saudáveis, são fatores fundamentais para proteger a saúde mental.

Segundo o psiquiatra Víctor Pérez, atividades físicas, uma alimentação balanceada, a ausência de substâncias tóxicas, o suporte social e a observância dos ritmos circadianos criam o que ele descreve como uma “muralha defensiva” contra transtornos mentais.

No que diz respeito à alimentação, a pesquisa do Instituto de Pesquisa do Hospital del Mar, publicada no European Journal of Nutrition, revela que seguir dietas saudáveis - como a mediterrânea, vegetariana ou as recomendadas pela OMS - atua como um forte protetor contra a depressão, destacando a dieta mediterrânea como a mais eficaz.

A médica Gabriela Lugon, responsável pelo estudo, explica que a conexão entre dieta e saúde mental pode ser explicada pelo chamado eixo intestino-cérebro: o que ingerimos influencia diretamente nosso microbioma intestinal, afetando a absorção de nutrientes que são cruciais para a produção de neurotransmissores. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, por outro lado, podem exacerbar processos inflamatórios no corpo, aumentando o risco de depressão.

Outro estudo indica que hábitos ocidentais alimentares, que incluem altos níveis de açúcar e carboidratos, estão diretamente ligados a problemas de saúde mental, como a obesidade, que atinge uma em cada quatro pessoas no Brasil. A obesidade e a depressão têm uma relação bidirecional, e a dieta desempenha um papel central nesse ciclo.

A prática de exercícios físicos é igualmente crucial. Estudos mostram que adultos ativos podem ter uma redução de até 25% no risco de desenvolver depressão. Mesmo aqueles que fazem apenas metade do recomendado ainda apresentam 18% menos risco. O psiquiatra Joaquim Raduá observou que hábitos como evitar notícias estressantes, comer bem e passar tempo ao ar livre têm uma relação forte com a redução dos sintomas ansiosos e depressivos.

Além disso, a qualidade do sono não pode ser subestimada. A pesquisa indica que não é apenas a quantidade de horas de sono que importa, mas a regularidade nos horários que impacta diretamente nosso estado mental. Distúrbios do sono estão associados a um risco maior de suicídio em pessoas com problemas mentais, segundo estudos realizados por um grupo da Universidade de Manchester.

Embora a ciência ainda esteja desvendando como esses fatores de estilo de vida se inter-relacionam, uma coisa é clara: manter hábitos saudáveis pode funcionar como um preventivo efetivo contra diversas doenças mentais. Portanto, não subestime o poder de ter amigos, comer de forma equilibrada e manter uma rotina de exercícios - sua mente agradece!

Além disso, os especialistas enfatizam a importância de buscar suporte profissional se você ou alguém que você conhece estiver passando por dificuldades emocionais. O tratamento adequado pode ser decisivo para uma recuperação saudável em casos de depressão e outros distúrbios mentais.