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Tesouro Direto: Taxas Disparam Rumo a 14% Após Reação Negativa ao Pacote Fiscal

2024-11-28

Autor: Lucas

As taxas dos títulos do Tesouro Direto estão em uma nova sessão de alta volatilidade nesta quinta-feira (28), em resposta à enxurrada de reações negativas do mercado ao pacote fiscal apresentado pela equipe econômica do governo nas primeiras horas do dia.

Após uma suspensão das negociações na véspera, o aumento nas taxas se acentuou. A taxa do título público prefixado com vencimento em 2027 atingiu um novo recorde de 13,90% ao ano, enquanto o título com vencimento em 2031 apresentou uma taxa de 13,67%.

Um dos principais pontos que despertam a atenção dos investidores é a proposta de isenção de Imposto de Renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil mensais. O governo alega que essa medida é fiscalmente neutra, uma vez que pretende introduzir um imposto mínimo de 10% para salários superiores a R$ 50 mil. Contudo, essa proposta ainda está sujeita a análise no Congresso, que pode aprová-la com alterações significativas.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, alerta que projetos semelhantes tramitaram no Congresso por anos, sem avanços concretos. Ele adiciona que a economia projetada para 2025 e 2026, apesar de viável, pode não ser suficiente para alcançar a meta de resultado primário do sistema fiscal brasileiro.

Além disso, as taxas dos títulos do Tesouro Direto subiram mesmo após a divulgação de dados de atividade econômica, que mostraram uma criação de empregos formais abaixo do esperado. Este dado é visto como um indício de uma desaceleração significativa no mercado de trabalho, em contraste com a força do consumo das famílias, conforme destacado por Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Tiago Sbardelotto, economista da XP, critica o governo por não ter aproveitado a oportunidade para anunciar medidas mais robustas. Embora mencione ações positivas, como a alteração nas regras do salário mínimo, ele acredita que o pacote ficou aquém das expectativas do mercado e que o crescimento do salário mínimo poderá pressionar as despesas a longo prazo.

Entre os títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, os retornos também subiram, com o vencimento em 2029 atingindo 7,14% de juro real, enquanto outras datas de vencimento estão próximas do patamar de 7%, todos sendo os maiores índices registrados no ano.

Esse cenário reflete a instabilidade econômica e política que o Brasil vive atualmente, e o futuro das taxas de juros ainda está cercado de incertezas, principalmente com novas discussões no Congresso.