Em uma reviravolta surpreendente, a música "Million Years Ago", lançada por Adele em 2015, não poderá mais ser reproduzida, distribuída ou comercializada sem a autorização de Toninho Geraes. Ele é o compositor do clássico "Mulheres", imortalizado na voz de Martinho da Vila nos anos 90. A decisão da 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, conforme anunciado pela coluna de Lauro Jardim, foi justificada pelo juiz Victor Torres, que reconheceu a existência de uma "indisfarçável simetria" entre as duas canções, mesmo que o plágio ainda não tenha sido comprovado.

Ao receber jornalistas em um playground, devido à reforma em seu apartamento, Toninho expressou certa incredulidade sobre a situação.

"Foi uma decisão do juiz em cima do que apresentamos. Ele percebeu que a música realmente tem toda essa questão de plágio. Eu não sei direito a força que uma decisão judicial como essa tem, porque a música da Adele continua nos streamings. Espero que eles cumpram as decisões da Justiça, mas se não cumprirem, serei eu que terei que tomar alguma atitude? Com uma multa de 50 mil reais por dia para cada descumprimento, isso não é nada para a gravadora deles, a XL Recordings", comentou, ressaltando a crescente indignação com a situação.

Toninho também deixou claro que não daria autorização para a música voltar a tocar: "Eles nunca se importaram comigo, nunca se preocuparam com meu processo ou minhas alegações. Então, por que eu deveria me importar com eles?"

Como se não bastasse essa batalha jurídica, o cantor também enfrenta desafios pessoais. Recentemente, durante exames de rotina das cordas vocais, foi diagnosticado com leucoplasia, uma condição que exigiu uma cirurgia de emergência. Felizmente, a biópsia não revelou câncer, e após tratamento fonoaudiológico, ele já retornou aos palcos, realizando cerca de 12 shows desde a recuperação.

Além disso, Toninho comemorou o lançamento de seu novo álbum, "O Amor dos Poetas", que traz novas composições. Contudo, ele lamenta a dificuldade que muitos artistas de samba estão enfrentando atualmente com a mídia: "O samba virou um negócio para o churrasco de domingo; durante a semana, ninguém toca nem Paulinho da Viola", desabafa.

"Eu tenho fases de composição, mas estou meio desestimulado ao ver tanta música boa que não toca. Fiz um projeto chamado 'Aluayê' de afrossambas, inspirado por Baden Powell e Vinicius de Moraes, mas o disco nem indicação teve em prêmios. É incompreensível", afirma.

Mesmo em meio a esses desafios, Toninho Geraes se mostra grato por sua carreira, reafirmando sua identidade como "um compositor que canta". A luta por reconhecimento e justiça em sua arte continua, e ele permanece firme em sua missão de celebrar a música brasileira.