Tragédia em São Vicente: morte de Ryan expõe ciclo de violência na Baixada Santista
2024-11-08
Autor: Pedro
A recente tragédia que envolveu a morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, e o adolescente Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17, durante uma operação da Polícia Militar, destaca uma preocupante espiral de violência na Baixada Santista, que vem se Intensificando nos últimos anos.
Na noite da última terça-feira (5), Ryan foi atingido por um tiro na barriga durante uma ação no Morro São Bento. Essa operação faz parte de um contexto de violência que já resultou em múltiplas perdas dentro de várias famílias na região, incluindo o pai de Ryan, Leonel Andrade Santos, que foi morto em uma operação policial em fevereiro deste ano.
Leonel foi assassinado por policiais do COE (Comandos e Operações Especiais) durante a operação Verão. Detalhes sobre circunstâncias de sua morte foram questionados pela família, que relata que Leonel estava apenas conversando na rua quando a polícia chegou e disparou. Segundo Beatriz da Silva, esposa de Leonel e mãe de Ryan, seu marido usava uma muleta e não poderia estar armado, informações reforçadas por laudos médicos que comprovam sua condição de deficiente.
Um laudo sobre a ação da polícia, produzido por um grupo de dez entidades que inclui a Ouvidoria das Polícias de São Paulo, revelou irregularidades nas abordagens e imprecisões no que diz respeito às mortes ocorridas em operações na Baixada Santista. Em um incidente específico, os corpos das vítimas foram encontrados sobrepostos, o que evidencia a gravidade da situação.
Ainda no contexto da operação, outro caso que comoveu a comunidade foi o de Layrton Fernandes da Cruz, de 22 anos, que também foi morto em uma abordagem policial. A mulher que foi ferida durante a ação era amiga de infância de Layrton, e essa conexão ilustra como a violência tem um impacto direto nas comunidades locais.
Estatísticas policiais revelam que, surpreendentemente, enquanto há uma queda em diversos índices de criminalidade, incluindo furtos e roubos, a taxa de homicídios permanece estável e o número de mortes causadas por operações policiais está aumentando. Em apenas nove meses de 2023, contabilizou-se 113 mortes causadas por policiais militares, em comparação a 63 mortes no mesmo período do ano anterior. Este aumento alarmante chama a atenção para a necessidade de revisões nas práticas de policiamento.
Além disso, as abordagens violentas têm gerado um clima de medo e desconfiança nas comunidades afetadas, como revelado pelo relato de familiares de vítimas que enfrentam intimidações constantes. O caso de Ryan e Leonel, simboliza não apenas uma tragédia pessoal, mas um grito por mudança em um sistema de segurança que frequentemente se choca com a sociedade civil.